São Paulo, terça-feira, 21 de junho de 1994 |
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Copa em NY é festival de desinformação
SÍLVIO LANCELLOTTI
No máximo se vêem, nas imediações do Giants Stadium, a sede principal do Grupo E do Mundial, meia dúzia de signos formais da presença do torneio, sinais de trânsito indicando a proximidade do campo de batalha. Na verdade, percebem-se apenas as bandeiras norte-americanas -nos edifícios do governo, nos postos de gasolina, no gueto negro de Newark ou nos mastros que despontam dos deslumbrantes jardins de Somerset, onde a Itália tem a sua concentração. Pergunto ao patrulheiro William Brown, um latagão de 29 anos e quase 2m de altura, que cuida da proteção do time da Bota, se a exposição das listras e das estrelas acontece em função da Copa. Ele não compreende a questão e eu mudo de patamar. Pergunto se o patrulheiro sente alguma emoção especial por tocar a segurança da "Squadra Azzurra". De novo o rapaz não chega ao assunto: "Missão mais importante ocorreu tempos atrás, quando o presidente Bush esteve por aqui e até as árvores nós investigamos". Nós, no caso, significa a polícia da municipalidade de Barnards, uma dentre as 21 comunidades do Estado de Nova Jersey. Trata-se de seis rapazes como Brown. Nenhum deles se interessa pelo soccer. Aliás, nem mesmo no centro de imprensa do Giants Stadium parece haver quem se incomode com o certame. Os seus encarregados são exclusivamente voluntários, recebem o salário da diversão. Mais se preocupam com a sintonia dos seus walkmen do que administram as dificuldades dos estrangeiros. Na manhã em que eu me credenciei, recebendo a identificação com a foto de um colega alemão, outros cinco periodistas padeceram da mesma confusão. A culpa, segundo os voluntários, é sempre do país que enviou as solicitações. No Giants Stadium, o único compromisso global está impresso nas paredes –é proibido fumar. Basta que um pobre distraído saque um cigarro para surgirem dez pessoas, eriçadas na repreensão. E no entanto o centro de imprensa do Stadium não ostenta uma singela lanchonete onde o faminto estrangeiro possa comer um pobre sanduíche de queijo. Pior ocorre com a distribuição das informações a respeito das equipes. Uma entrevista coletiva da delegação da Irlanda, na quarta-feira, só apareceu nos micros depois das 14h da quinta. O pessoal do Giants, curiosamente, prefere imprimir os dados antes de implantá-los de vez nos computadores. E coloca os textos xerocados numa estante assustadora, mais de 7m de comprimento por quase 2m de altura. Capturar os papéis, só com o auxílio de um William Brown. Texto Anterior: Mexicano terá que explicar a sua 1ª derrota Próximo Texto: Baggio sai em defesa do técnico italiano Índice |
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