São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Amigos de Itamar tentam afastar FHC de plano

TALES FARIA ; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O chamado Grupo de Juiz de Fora, de assessores do presidente Itamar Franco, está articulando para que o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, não participe dos eventos de lançamento da nova moeda, o real.
O atrelamento da imagem de FHC ao Plano Real voltou a ser discutido ontem pelo comando da coligação PSDB-PFL-PTB. O real será lançado em 1º de julho.
Esse comando avaliou as últimas pesquisas e concluíu que o quadro eleitoral só deverá mudar após a adoção da nova moeda.
FHC chegou a dizer ontem que "foi sorte" a sua assinatura estar em todas as notas de real. "Mas quem lê nota?", perguntou o candidato logo em seguida.
O comando da campanha montou ontem a estratégia de atrelamento da imagem de FHC ao Plano Real. Concluiu que só falta um ponto: a participação do presidente Itamar Franco.
Essa participação pode se dar através de uma manifestação pública do presidente, reconhecendo que o plano foi elaborado por FHC, ou, num primeiro momento, por um convite para que FHC participe de algum evento relativo à implantação da nova moeda.
"Se o presidente me convidar, tudo bem, eu vou", disse o candidato ontem no Congresso, depois de se reunir com o comando de sua campanha.
Amigo pessoal de Itamar, o senador Maurício Corrêa (PSDB-DF) diz "supor que Itamar chamará FHC no momento certo".
Mas a preocupação do comando da campanha de FHC é com outros amigos de Itamar: o presidente da Telerj, José de Castro, e o ministro-chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves.
O PSDB recusou a participação de ambos na coordenação da campanha e teme retaliações.
Hargreaves, José de Castro e o secretário-geral da Presidência, Mauro Durante, defendem que Itamar só se manifeste a favor de FHC depois que o quadro eleitoral se definir e o plano mostrar os primeiros resultados.
O principal argumento do grupo é que ainda não se sabe o impacto do plano sobre a popularidade de Itamar. O presidente teria de ter uma "porta de saída" para o caso de fracasso.
Nessa hipótese, esses amigos de Itamar defendem que que ele abandone a candidatura FHC.
FHC afirmou ontem que aceita o governo de coalizão proposto pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva: "Se estão propondo a coalizão, entendo que, ganhando a eleição, o PT também aceite participar de meu governo".

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