São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Acusação é um exagero, diz empresa

SÉRGIO MALBERGIER

SÉRGIO MALBERGIER ; ELVIRA LOBATO
DE LONDRES

ELVIRA LOBATO
A empresa britânica British and American Tobacco diz que as acusações feitas no Congresso americano de que a Brown & Williamson, da qual é proprietária, tenha produzido no Brasil tabaco com grau de nicotina maior do que o normal são "um exagero".
"O tabaco plantado no Brasil foi aprovado pelas autoridades de saúde dos EUA. A única mudança que fizemos foi torná-lo mais resistente a pragas", disse ontem à Folha Ralph Edmonson, gerente de Relações Públicas da empresa, proprietária de 75% da Souza Cruz e 100% da Brown & Williamson.
Segundo Edmonson, o tabaco, chamado de Y-1, foi retirado do mercado no ano passado após ter sido rejeitado pelos consumidores. "Os consumidores não gostaram dele", disse Edmonson.
Ele afirmou que o Y-1 foi usado em marcas de cigarro com "estilo americano" nos EUA e em outras partes do mundo, mas não soube informar se foram vendidas no Brasil.
Ele acusou David Kessler, autoridade de saúde dos EUA que fez as acusações no Congresso, de estar "exagerando" os efeitos do Y- 1. "É apenas uma folha. Não há nada de perigoso ou sinistro em relação a ela", disse Edmonson.
Souza Cruz
A Souza Cruz - maior fabricante de cigarros do Brasil, com 80% do mercado, e maior exportadora mundial de fumo em folha - disse que só comentará as declarações do chefe da FDA quando receber a íntegra do pronunciamento.
Segundo a empresa, o Brasil produz quatro variedades de fumo: duas nativas (amerelinho curado em estufa e o curado em galpão) e duas variedades americanas (Virgínia e Burley).
O teor de nicotina, de acordo com a empresa, varia de acordo com o solo e com a posição das folhas na planta. Quanto mais distantes as folhas estiverem do solo, maior é o teor natural de nicotina.
Existem, segundo a empresa, 300 classificações de fumo -que variam de acordo com o "blend", ou mistura das folhas- especificadas por normas do Ministério da Agricultura.
Os fabricantes mundiais de cigarros, segundo a empresa, escolhem o "blend" que desejam quando importam o produto do Brasil.
A Souza Cruz informou que exporta cerca de 60 mil toneladas de folhas de fumo por ano para 50 países, incluindo os Estados Unidos, e que compra as folhas, já curtidas, dos produtores.

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