São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Bicho pode ter 120 denunciados

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O promotor Gabriel César Zacarias de Inellas, 47, disse ontem já ter provas para denunciar 120 policiais civis e bicheiros por formação de quadrilha, corrupção e enriquecimento ilícito.
O promotor, que acompanha o inquérito do bicho paulista, não revelou todos os nomes dos que serão denunciados. Ele disse que as investigações ainda devem demorar mais 60 dias.
"Precisamos esperar os dados fiscais e bancários dos policiais e bicheiros que tiveram seus sigilos quebrados."
Segundo ele, entre os denunciados estarão os maiores bicheiros paulistas como Ivo Noal, Celso Parisi e Valtencir Spinelli.
Inellas disse ter conseguido provas da ligação do bicho paulista com o carioca. Elas são agendas, contas telefônicas e depoimentos.
Segundo ele, os telefones e endereços residênciais e do escritório de Noal e Spinelli estão na agenda do bicheiro Castor de Andrade.
Noal e Spinelli são os dois maiores bicheiros paulistas. Juntos, dominam de 60 a 70% do jogo no Estado.
Além disso, o contador de Castor, Ronaldo Azevedo, disse que seu chefe recebia "descargas" (operação contábil em que um bicheiro repassa apostas cujo prêmio não pode bancar para outro contraventor) do bicho paulista.
Entre os bicheiros paulistas que fariam essa operação com Castor, Azevedo teria apontado os Parisi (família de domina cerca de 20% do jogo em São Paulo) e Noal.
Azevedo conversou, na semana passada, com dois delegados que investigam o bicho em São Paulo. Inellas acompanhou os delegados na viagem ao Rio e pesquisou a documentação apreendida na fortaleza de Castor.
"Não averiguamos, ainda, a contabilidade de Castor", disse Inellas. O promotor afirmou que as contas telefônicas de Castor também revelam a ligação entre os dois Estados.
Nelas, Inellas constatou "centenas" de ligações mensais para telefones das cidades de São Paulo, São José do Rio Preto (SP) e Ribeiro Preto (SP).
Essas ligações telefônicas também teriam sua contrapartida em São Paulo.
Dois bicheiros paulistas já tiveram a decretação prisões preventivas pedidas: Ivo Noal e Franscisco Plumari Junior, o "Chico da Ronda".

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