São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Estudo avalia professores universitários de 14 países

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os professores universitários brasileiros são os que menos publicam artigos e livros acadêmicos entre os de 14 países pesquisados por estudo divulgado em Washington pela Carnegie Foundation.
Apenas 25% dos professores brasileiros editaram um livro nos últimos três anos. Os russos foram os que mais publicaram: 80%. Na América Latina, os mexicanos e os chilenos ficaram muito acima dos brasileiros (veja quadro ao lado).
Uma das possíveis explicações para isso está na pesquisa: os brasileiros são os que apontam o menor nível de dificuldade para alguém que não publica obter estabilidade.
Os brasileiros também são os que menos trabalharam como visitantes em instituições acadêmicas de fora de seu país nos últimos três anos (cerca de 5%).
Só os russos e os norte-americanos saíram de seus países menos que os brasileiros.
Os países que tiveram seus docentes analisados pela Carnegie Foundation foram Israel, Holanda, Hong Kong, Alemanha, Chile, Suécia, Grã-Bretanha, Austrália, México, EUA, Rússia, Coréia do Sul, Japão e Brasil.
A parte brasileira da pesquisa foi coordenada pelos professores Simon Schwartzman e Elizabeth Balbachesvky, da USP.
Os brasileiros foram os que mais concordaram com a afirmação de que o respeito pelo trabalho acadêmico está declinando em seus países.
O Brasil é o país, segundo a pesquisa, com menos professores em tempo integral na universidade (pouco mais de 50%) e com mais professores que trabalham em atividades não-acadêmicas.
O país é um dos três únicos (os outros são Coréia do Sul e Rússia) em que não há uma sólida maioria de professores universitários que concorde com a noção de que um forte currículo de pesquisa é importante para a avaliação docente.
A Rússia é a única nação além do Brasil no grupo em que a maioria dos professores não acredita que a liberdade acadêmica é bastante protegida em seus países.
Em nenhum outro país entre os pesquisados há tantas mulheres no corpo docente universitário do que no Brasil. Só México, Alemanha e Holanda tem professores com idade média menor do que a dos brasileiros (43 anos).
Os professores brasileiros foram os que mais concordaram com a afirmativa de que esta é uma época ruim para jovens iniciarem uma carreira acadêmica.
Mas eles foram os que atribuíram maior importância pessoal em suas vidas à sua afiliação com a instituição a que pertencem (os alemães e os britânicos foram os que deram menor importância).
A maioria dos professores brasileiros disse ter mais interesse no ensino do que na pesquisa (assim como os russos, chilenos, mexicanos e norte-americanos). Os holandeses foram os que mais disseram ter interesse na pesquisa.

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