São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Mãe de suspeito diz que filho não tinha arma

DA REPORTAGEM LOCAL

A mãe do estudante Clibas Cortez, 18, o "Neno", Amanda Cortez Peinado, 47, depôs ontem no inquérito que apura a morte do publicitário Antônio Carlos Patrício Valério, 33.
Cortez é acusado de ter matado Valério com um tiro no coração e de ter baleado na perna o publicitário Pedro Barbastefano Junior, 31.
Cortez e três amigos jogaram mostarda em três meninas e os publicitários foram defendê-las. O crime aconteceu no último dia 16, na lanchonete New Dog, no Itaim Bibi (zona oeste).
Amanda disse que nunca viu seu filho armado e que ela e o padrasto do estudante não têm armas.
A mãe também afirmou que não sabe onde Cortez conseguiu a pistola calibre 7,65 milímetros usada no crime. Ela contou que seu filho sofreu uma tentativa de roubo ao sair da boate Allure há dois anos.
Cortez estuda no curso Supletivo Santa Inês, na Mooca (zona leste), por ter dificuldades com a gramática portuguesa. Nascido na Bolívia, o estudante tem dupla nacionalidade (brasileira e boliviana).
Ele morou dez anos nos Estados Unidos e retornou para o Brasil há seis anos. Segundo a mãe, na manhã seguinte ao crime Cortez deixou sua casa e não retornou mais.
Ela disse que o filho ligou para casa no último sábado e que conversou com ele por telefone.
Cortez teria dito à mãe que queria se apresentar à polícia e teria pedido para que ela lhe contratasse um advogado.
Na manhã de ontem, o delegado Antônio Carlos Barbosa, 45, do 15º DP, pediu a decretação da prisão preventiva do estudante ao 5º Tribunal do Júri.
Caso a prisão de Cortez não seja decretada pela Justiça, o estudante poderá se apresentar hoje à polícia para depor.
O delegado também tomou o depoimento do estudante D.M.M.S., 17, que acompanhava Cortez no dia do crime. D.M.M.S. confirmou que seu colega disparou o tiro que matou o publicitário.
Ele disse que Valério teria dado dois tapas no rosto de Cortez, antes que seu colega atirasse.
Segundo D.M.M.S., Cortez estava com uma das pernas machucadas e, para não apanhar do publicitário, sacou a pistola e fez dois disparos para o alto.
Mesmo assim, disse D.M.M.S., Valério não teria se intimidado. O publicitário teria continuado a caminhar na direção de Cortez, que finalmente, o baleou no peito.
D.M.M.S. disse que Cortez não sabia que havia matado o publicitário e que havia disparado na direção de Valério a fim de que ele não lhe tomasse a arma.
D.M.M.S. afirmou que ficou sabendo pelos jornais que o publicitário havia morrido.
Ele também disse que aquela era a segunda vez que saía com Cortez e que não sabia que seu colega estava armado.

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