São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Podemos até ganhar a Copa, com aplicação

ALBERTO HELENA JR.

Em Los Gatos
As informações que nos chegam daí dão conta de que o Brasil está em festa, com a vitória de 2 a 0 sobre os russos.
Aqui, em Los Gatos, a torcida brasileira tomou conta da cidadezinha pacata e ordeira, quase um presépio. Nunca se viu tanta sujeira espalhada pelas ruas da cidade, entupindo os banheiros dos restaurantes e acrescentando um ar de estafa nos sorridentes e rosados rostos das garçonetes.
Não foi bem a alegria que parece ter contagiado os perplexos americanos daqui. Trata-se de uma subversão total. Até os policiais, em geral inflexíveis, desistiram e aderiram à zorra brasileira.
Mas, em Santa Clara, no treino dos reservas, de manhã, o comedimento impera, tanto entre jogadores e comissão técnica como entre os jornalistas.
A síntese do pensamento geral é a seguinte: jogamos bem, sem brilho, mas o suficiente para, ao menos, não darmos vexame nesta Copa. Mais que isso: podemos até ganhar a Copa, se seguirmos o caminho da modéstia e da aplicação.
É bem verdade que a exibição da Argentina diante da Grécia pôs um travo amargo nas celebrações da véspera. Como jogaram bem os argentinos, hein? Claro que a Grécia representa o grupo das grandes zebras desta Copa. Assim como o placar –4 a 0– nem sempre espelha a realidade do jogo.
O Brasil, por exemplo, modestamente, poderia ter enfiado 4 a 0 na Rússia, se Bebeto não perdesse tantos gols. Mas não jogou o bastante para tanto. Já a Argentino meteu a goleada, desperdiçou mais umas cinco chances e, sobretudo, mostrou um futebol ágil, imaginativo, agudo, sempre vertical no sentido do gol adversário.
Mas a Argentina, ainda, não é nosso problema mais imediato. O problema, agora, é saber se Ricardo Rocha terá condições de jogar a próxima. Os médicos não arriscam um prognóstico, mas, como não sou médico, sigo meu instinto, que duvida da recuperação de nosso zagueiro. Parreira foi incisivo: nesse caso, entra Aldair. Mas ele também se ressente de uma contusão na panturrilha.
Assim, parece, a divina providência vai escalando uma zaga que, se não é a mais técnica, sem dúvida, será a mais segura, pelo menos nas bolas altas: Márcio Santos e Ronaldão. Contra Camarões, isso é irrelevante. Mas, contra a Suécia, poderá ser decisivo.

Texto Anterior: Zagueiro une rock e futebol
Próximo Texto: Seleção tem oito jogadores machucados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.