São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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Alimentos levados do Brasil são incinerados

DO ENVIADO A LOS GATOS

Durante 18 dias o chefe da delegação brasileira na Copa, Mustafá Contursi, e o supervisor Américo Faria esconderam dos próprios jogadores que a quase totalidade da carne-seca, paio, costela e linguiça trazidos para o feijão de Vila Felice estava perdida.
As carnes, pesando mais de 300kg, ficaram retidas no aeroporto de San José, por ordem do Departamento de Agricultura norte-americano. Alimentos perecíveis, foi explicado a Faria, não podem entrar no país.
Dois dias depois, Sharon Shook, responsável por este setor no aeroporto, explicou a Faria que a CBF tinha duas alternativas: levar as carnes de volta para o Brasil ou deixar que fossem incineradas pelo Departamento de Agricultura. O dirigente preferiu a segunda.
Graças à esperteza do cozinheiro Martinho, alguns quilos de carne-seca e paio entraram no país em sua bagagem. Esta pequena carga, somada ao que foi comprado no mercado de Los Gatos, é que deu sabor ao feijão.
Tanto Contursi como Faria mantiveram em sigilo a destruição das carnes. Até mesmo o técnico Carlos Alberto Parreira, ouvido pela Folha, disse: "O problema já está solucionado, estamos comendo o feijão à brasileira".
A informação do técnico foi dada quase no mesmo instante em que Faria explicava à Folha que a carga continuava no aeroporto: "Estamos aguardando a liberação para qualquer momento. Como as carnes são para consumo interno, apenas da delegação, acho que vamos ser atendidos."
Só no dia seguinte, diante da informação de Sharon Shook, Faria se viu obrigado a confirmar que a guerra do feijão estava perdida.

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