São Paulo, quarta-feira, 22 de junho de 1994
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A rainha vai para a TV

THALES DE MENEZES

Martina Navratilova é a dona da cena em Wimbledon. Disputando o torneio mais tradicional do mundo há duas décadas, Martina é tratada como rainha em Londres. Este ano, com carinho extra do público: é sua despedida.
Seria incrível se a grande tenista pudesse se retirar com a glória do décimo título no torneio. E parece ser um roteiro mais fácil de cumprir, principalmente com Steffi Graf caindo fora logo de cara, eliminada por Lori McNeil.
Mas Martina nem precisa vencer. Já fez muito pelos amantes do esporte. E quer continuar a fazer, como disse segunda-feira aos repórteres. A tenista disse que poderia se tornar comentarista de TV.
Por trás dessa declaração, há uma jogada de marketing pessoal muito grande. Na verdade, Martina vai mesmo ser uma comentarista. A jogadora já está em negociações com duas emissoras.
Por enquanto, Martina não está satisfeita com nenhuma das propostas. Ela quer ganhar os mesmos US$ 180 mil que John McEnroe recebe anualmente da rede de TV Sports para comentar os jogos do circuito masculino.
Contra suas pretensões salariais, Martina tem os números incontestáveis das pesquisas de audiência. Tanto nos EUA como no resto do mundo, os jogos do feminino atraem, em média, apenas 65% dos espectadores que costumam acompanhar o circuito masculino.
Por outro lado, a simples presença de Martina nas transmissões poderia ajudar muito a reverter esse quadro. Além de saber tudo de tênis, Martina é uma mulher especial.
Articulada, é a jogadora mais interessante do circuito, com uma experiência pessoal muito mais rica do que as garotinhas robotizadas que agora dominam o ranking.
Chris Evert, que foi a queridinha da América por duas décadas, foi uma das grandes campeãs da história, mas um fiasco como comentarista. Tímida demais.
Atualmente, a ex-tenista que trabalha para a rede Sports é Mary Carillo, que chegou a ser "top ten" nos anos 70. Ela sabe falar direitinho, mas às vezes solta enormes bobagens nos comentários. Já foi até repreendida no ar pelo colega McEnroe.
Já que Martina não iria mesmo jogar para sempre, tê-la comentando os jogos pode ser uma atenuante para a perda de uma tenista como ela. Num circuito que sofre com a falta de figuras carismáticas, Martina é uma peça rara.

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