São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Maremoto

CARLOS SARLI

Chegou na redação da Trip esta semana um fax de Jun Hashimoto, da Rip Curl australiana, relatando o maremoto que atingiu o arquipélago da Indonésia no começo do mês.
Quem escreve é o surfista Robert, que estava em Bali na ocasião. Como o desastre foi pouco divulgado por aqui, aí vai uma tradução livre do fax.
"Os últimos dois meses têm sido muito bons de ondas. Em particular, um período com duas ondulações costa a costa nos últimos sete dias.
Uluwatu quebrou `triple overhead' e outros picos menos conhecidos quebraram de gala.
Esse quadro mudou com o maremoto que varreu o lado sudeste da península de Java às 2 da manhã do dia 2 de junho de 94.
Informações da cidade de Banyu Wangi relatam muita destruição e centenas de vidas perdidas.
No Bobby's Surf Camp, em Grajagan, ou Pelungkung, como é corretamente chamada, 16 cabanas e muitos equipamentos foram destruídos. Um barco do Camp foi parar no topo de uma árvore.
Os surfistas, que vinham tendo dias seguidos de ondas de excelente qualidade, acordaram assustados com um barulho parecido com o de uma turbina de 747.
Olharam pela porte da frente e viram ondas de espuma com mais de 10 pés a poucos metros de distância e vindo em sua direção.
Eles calcularam que deveria ter algo em torno de 25 pés no pico. Na verdade, só Deus sabe de que tamanho as ondas estavam. Sem saber ao certo para onde, correram apavorados com a ressaca.
Chris, um cara do lado oeste da Austrália, conta que ficou sem ação ao tentar sair da cabana e acabou sendo empurrado contra algumas raízes de árvores que haviam sido arrancadas.
Ficou debaixo d'água por duas ondas até conseguir cair fora e correr para a selva.
Àquela altura, o mar invadia uns 50 m floresta adentro. Chris se machucou `pouco': quebrou algumas costelas e cortou o rosto em vários lugares. Felizmente, nenhum surfista se afogou.
Definitivamente, esses surfistas nunca vão esquecer o que viram. E devem agradecer a sua estrela da sorte de não estarem na água na hora."
Esta é a história do dia, aliás, da noite, em que as ondas de sonho de Grajagan viraram pesadelo. Quem estava lá pela primeira vez, não vai querer voltar tão cedo.

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