São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Ousadia da Suíça vence habilidade romena

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A PONTIAC

A ousadia tática da Suíça praticamente lhe assegurou a classificação para a próxima fase da Copa. O time do técnico Roy Hodgson não se preocupou com marcação individual para vencer a Romênia por 4 a 1, ontem em Pontiac.
"Jogamos de maneira simples, sem invenções", disse Hodgson. Um contraponto à Romênia, que venceu (3 a 1) a Colômbia na estréia com um jogo tático perfeito.
"Nosso últimos minutos foram terríveis", concordou o técnico romeno, Anghel Iordanescu. "Se jogarmos assim contra os EUA, podemos sair da Copa."
No primeiro tempo, a necessidade de vitória obrigou a Suíça a utilizar uma tática meticulosa.
Ao adotar a marcação por zona ao contrário da individual, os suíços conseguiram inicialmente anular a principal jogada da Romênia –os lançamentos de Hagi a Petrescu ou Raducioiu, pela direita.
A tática amarrou o time romeno. Hagi tentava fugir da marcação, correndo pelas laterais, mas sofria com um acompanhamento alternado dos suíços, que não se cansavam atrás do atacante.
Com o ataque adversário sem ação, a Suíça conseguia avançar o meio-campo e articular seu ataque, com a descida dos laterais e os lançamentos para o meio.
Em uma dessa jogada, aos 12min, Sutter recebeu próximo da entrada da área e chutou no canto esquerdo do goleiro Stelea. Mal posicionado, o árbitro tunisiano Neji Jouini marcou impedimento.
O alerta não provocou reação na defesa romena que, aos 15min, tomou um gol: em idêntica jogada à anterior, Sutter mirou novamente o canto esquerdo de Stelea e marcou.
"Era um momento de devia ser mais bem aproveitado", lamentou-se depois o técnico da Suíça, o inglês Roy Hodgson.
A reclamação se justifica. Em desvantagem, o técnico romeno Anghel Iordanescu (que completa amanhã um ano no cargo) decidiu tentar a tática mais arrojada, que já lhe rendeu muitas críticas.
Ex-meio-campista, Iordanescu (que, na Copa, é um dos técnicos que menos ganham, com US$ 100 mil anuais) marcou 150 gols nos 300 jogos que disputou pelo Steua Bucareste, criando uma tendência mais preocupada com o ataque.
Liberando os dois pontas e permitindo a Hagi que se despreocupasse da marcação e só criasse as jogadas de ataque, Iordanescu conseguiu comprimir a Suíça.
O empate aconteceu aos 35min. Ao receber na entrada da área, Hagi analisa o posicionamento do goleiro Pascolo e, com um toque habilidoso, chuta no canto esquerdo.
A Suíça, porém, provou que evoluiu seu estilo. Criadora nos anos 50 de um sistema puramente defensivo, que passou a ser adotado por outros países, a Suíça atual mostrou progresso.
Com um sistema 4-4-2, o técnico dos suíços fixou Chapuisat e Knup na frente, com o atacante Sforza colocado logo atrás. Com uma marcação sob pressão, o ataque da Suíça consegui encontrar brechas para o contra-ataque.
Foi o suficiente para derrubar a Romênia, no 2º tempo. Chapuisat, que é filho e neto de futebolistas famosos em seu país, aproveitou uma confusão dentro da área para chutar no canto direito.
Novamente em desvantagem, os romenos dessa vez não conseguiram se recuperar. "Inexplicavelmente, os jogadores sentiram demais", comentou Iordanescu.
Aos 20min, Sforza lançou Knup que, sem marcação, tocou no meio do gol. Aos 27min, o mesmo Knup aproveita uma cobrança de falta para tocar de cabeça, desviando de Stelea. "Foi o melhor grito de gol que já dei", disse Hodgson.

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