São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994
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Pense bem antes da compra, alerta Procon

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

O sistema de tempo compartilhado, desde que bem administrado, funciona, está em plena expansão no Brasil e é sucesso de vendas no mundo. Mas o usuário deve conhecer bem as regras do jogo antes de entrar no negócio.
A maioria das queixas registradas pelo Procon (Coordenadoria de Defesa e Proteção do Consumidor) não são em relação ao funcionamento do sistema, mas sim "sobre as técnicas de vendas utilizadas", afirma Mariângela Sarrubbo, assistente de direção do órgão.
Ela afirma que algumas empresas do setor adotaram uma estratégia "agressiva de marketing". Primeiro, abordam as pessoas dizendo tratar-se de uma pesquisa.
Depois, ligam para o usuário parabenizando-o porque foi sorteado com uma estada grátis em algum "resort" do país. Se aceitam, são recebidos com uma recepção sofisticada, regada a uísque, recebem uma excelente explanação do projeto e "acabam induzidos à assinatura do contrato para a compra do apartamento de um hotel", diz ela.
Não que esse contrato seja ilegal. Pelo contrário, está perfeitamente dentro da lei. Mas a compra por impulso pode trazer arrependimentos e, para desfazer o negócio, o usuário terá um ônus.
Na opinião do Procon, não está sendo feita uma publicidade abrangente para esclarecer o consumidor sobre um sistema que ainda é pouco conhecido no Brasil.
Segundo Fernando Furquim, da diretoria de marketing da Abitec (Associação Brasileira da Indústria de Tempo Compartilhado), uma das finalidades da recém-criada entidade é justamente essa.
Ou seja, "normatizar as atividades de suas associadas a fim de que, no relacionamento de cada uma com seu cliente, a clareza e a transparência sejam as condutoras das vendas".
E o código de ética, em fase de elaboração final, aborda exatamente essas questões. Os associados não devem "utilizar quaisquer meios para a comercialização de seus produtos e/ou serviços sem indicação clara de tal finalidade."
O código diz também que não se pode "omitir informações cujo conhecimento pelos consumidores seja fundamental para sua intenção de interesse ou compra" e "induzir os consumidores a erro mediante ofertas, verbais ou escritas, de presentes ou brindes".
O Procon recomenda ainda que o consumidor calcule bem as despesas extras que terá como, por exemplo, os gastos com passagens aéreas se comprar um apartamento num local que dependa do avião (os "resorts" do Nordeste são bons exemplos disso).
E que o usuário faça uma pesquisa detalhada dos programas turísticos do mercado. "Às vezes, pode ser mais barato comprar parcelado o pacote com avião, hotel e traslado", diz Mariângela.
Por outro lado, o Procon vê com bons olhos a criação de uma associação de classe e do código de ética, o qual examinou. "Se tudo andar de acordo com esse código, o problema termina no setor."

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