São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 1994 |
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Mapas tentam tornar possível o impossível
FEDERICO MENGOZZI
Todos os sistemas existentes, cerca de 200, resultam em distorções mais ou menos evidentes. Na projeção cilíndrica do geógrafo Gerhard Mercator, por exemplo, a Groenlândia, ao norte do continente americano, surge maior que a América do Sul. O resultado desconcerta quem sabe que a Groenlândia, apesar de ser a maior ilha que existe, é oito vezes menor que o subcontinente. Mercator queria auxiliar a navegação, projetou a esfera terrestre sobre um cilindro tangente ao Equador e manteve os ângulos naturais, embora a escala crescesse nas proximidades dos pólos. Os sistemas de projeção esbarram nas limitações da transferência da superfície da esfera para o plano, prestam-se a fins específicos e são aceitos com suas distorções. Nas projeções conformes, como a de Mercator, as áreas não correspondem à realidade. As projeções equivalentes se opõem às conformes. Conservam a proporcionalidade das regiões, mas deformam os ângulos reais. É o caso da projeção de Karl Brandan Mollweide e Max Eckert, utilizados para representar a densidade da população, distribuição da vegetação, tipos de clima etc. As áreas são proporcionais, mas as deformações são claras: o Brasil é menos largo e mais longo, enquanto o Canadá parece mais largo e menos longo. Assim como uma ficha não é o livro, um mapa não é o território. É, sim, um instrumento para visualizar uma realidade que não se mostra em seu conjunto. Mas, aparentemente, existem limites intransponíveis para a representação da esfera no plano. Os sistemas de projeção são, sobretudo, uma tentativa de tornar possível o impossível. Texto Anterior: Ex-caçador já matou 363 onças Próximo Texto: Cartografia antecede a escrita Índice |
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