São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 1994
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Maturana sai sem explicar as derrotas

MARIO CESAR CARVALHO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

O técnico da Colômbia, Francisco Maturana, vai deixar a seleção após a Copa 94. Maturana caiu por causa das duas derrotas consecutivas –2 a 1 para os EUA e 3 a 1 para a Romênia.
Maturana dirige a seleção há oito anos. Conseguiu os resultados mais expressivos na história do futebol colombiano.
Ele levou o time à segunda fase na Copa de 90 e o classificou para o Mundial de 94 com uma campanha que culminou com a goleada de 5 a 0 sobre a Argentina.
A Colômbia está em último lugar no Grupo A e praticamente fora da próxima fase. Para passar às oitavas-de-final precisa vencer a Suíça no próximo domingo por uma diferença de três gols e torcer para os EUA ganharem da Romênia.
Assim, conseguiria o terceiro lugar, mas teria que torcer pelos resultados em outros cinco grupos. Só quatro dos times que ficarem em terceiro lugar nos seis grupos vão para a próxima fase. São os que tiverem a melhor campanha.
Perguntado pela Folha se acredita em milagres, Maturana disse ontem que já não se preocupa com a classificação da Colômbia.
"Minha preocupação agora é entender por que estamos jogando tão mal e reorganizar o time".
A Colômbia era considerada uma das grandes seleções desta Copa. Venceu quatro partidas nas eliminatórias, empatou duas e terminou em primeiro no seu grupo.
Pelé considerava o time um dos favoritos para a Copa 94. A imprensa norte-americana apostou no palpite de Pelé e repetia isso quase todos os dias.
Maturana negou que tenha havido excesso de confiança na equipe.
Nem o técnico nem jogadores como Asprilla, Escobar e Perea conseguiram explicar as derrotas.
"A responsabilidade é totalmente minha", disse Maturana. "Estamos tentando encontrar explicação para as derrotas, mas não encontramos. Futebolisticamente, parece não ter explicação."
Asprilla, que também joga no Parma, assumiu a culpa pelos fracassos do ataque –"meu rendimento foi muito abaixo do normal", disse–, mas nega que tenha havido brigas no campo.
Maturana refutou a versão de que substituiu o atacante Valencia, do Bayern de Munique, por De Avila por pressões do Cartel de Cali, que controla parte do tráfico de cocaína na Colômbia. "Não recebo ordens de cartel", disse.
O técnico confirmou que o lateral Gómez recebeu uma ameaça de morte.
"Era uma telemensagem que apareceu na TV em seu quarto. Dizia que se ele jogasse contra os EUA sua família morreria". Gómez não jogou.
Maturana voltou a falar ontem que, se pudesse, teria substituído os 11 jogadores na partida contra os EUA (o técnico pode substituir dois jogadores e o goleiro).
Mas afirmou que continua acreditando no futebol-espetáculo que buscava praticar.
No próximo dia 29 de julho, Maturana assume o cargo de técnico do Atletico de Madrid.

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