São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 1994
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Vencedores curtem música popular brasileira

DA REPORTAGEM LOCAL

Os vencedores do "Festival Vinicius de Moraes" têm em comum um gosto artístico diferente do que se espera dos jovens.
Eles não gostam de rock e não pensam duas vezes antes de eleger Chico e Caetano como os seus maiores ídolos musicais.
O poeta José Bento Ferreira diz que odeia a música feita hoje em dia. "É sem graça e as letras são ruins", diz.
Ele acha que Chico e Caetano são os melhores poetas da atualidade e seu gosto por rock parou nos anos 60. "Só consigo gostar de Beatles."
O garoto se considera "comunista" e acha que os anos 90 "são chatos e parados, uma coisa horrível". Para ele, os anos 60 eram mais interessantes. "As pessoas eram mais apaixonadas."
José Bento espera reverter esse "marasmo" com sua poesia. "Se as coisas não mudarem a minha vida fica sem sentido."
Enquanto não consegue mudar as coisas, ele lê poemas do romântico Álvares de Azevedo, seu poeta brasileiro preferido, e de Fernando Pessoa, seu ídolo máximo.
A "videomaker" Isabela Carvalho é uma nostálgica menos radical. "Gosto de MPB e de Machado de Assis, mas não gostaria de viver no passado. Gosto de viver no meu tempo", diz.
O compositor Diogo Ramos concorda. "Eu gosto de Djavan, Caetano e Led Zeppelin, mas não cultuo o passado. Acho legal conhecer as coisas antigas para poder fazer coisas diferentes", diz.
Diogo forma uma dupla com a parceira Lia Assunção e se apresenta em bares. O repertório? Só antigos sucessos da MPB.
Rock brasileiro não faz parte dos shows da dupla. "Só escuto essas músicas quando toca no rádio", diz Diogo.
O radical José Bento, outro mal-humorado com os roqueiros tem até uma teoria: "No rock a música está dissociada da letra."
Ele acha um "absurdo" bandas cantarem em inglês. "A língua brasileira é riquíssima", diz.

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