São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Argentinos invadem o mercado de TV a cabo

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os argentinos abocanharam uma fatia importante do mercado de TV a cabo no Brasil. Eles chegaram sem fazer alarde, há cerca de dois anos, e já são sócios de 13 empresas.
O grupo Clarin, maior de comunicação da Argentina –possui o jornal "Clarin", com circulação superior a 700 mil exemplares aos domingos e várias concessões de TV a cabo naquele país– é sócio da TV Vídeo Cabo de Campinas.
O grupo Cabtel –proprietário de TVs a cabo na Argentina e no Chile– é sócio de empreendimentos em Brasília, Uberlândia (MG) e Piracicaba (SP).
Um grupo de investidores em TV a cabo de região de Misiones e Mar Del Plata, que se identifica como "grupo Posadas" tem empreendimentos em Florianópolis e Criciúma (SC), Maringá e Londrina (PR), e Santos (SP).
Há ainda iniciativas de argentinos em Curitiba (PR), Presidente Prudente (SP), Campo Mourão (PR) e em Joinville (SC), em associação com empresários locais.
A invasão portenha era esperada. A Argentina tem TV a cabo há mais de 15 anos. O mercado naquele país está saturado e passa por um processo de concentração.
O mercado no Brasil é praticamente virgem e tem um potencial estimado de 5 milhões a 8 milhões de assinantes até o ano 2000.
Na projeção mais pessimista (5 milhões de assinantes), o mercado movimentaria perto de US$ 1,2 bilhão por ano (valor de 17 satélites), só em assinatura de serviços.
Os argentinos evitam aparecer. Não revelam quanto investiram nem sua participação nas empresas.
Octávio Lacerda, sócio e diretor da TV Vídeo Cabo de Campinas –com 6 mil assinantes– disse apenas que a participação do Clarin na empresa "é pequena".
Eduardo Azar, que representa o grupo Posadas, também não informa a participação societária ou o valor investido. Limita-se a dizer que o grupo é formado por ele e mais quatro sócios, que trouxe "tecnologia de ponta" e que o mercado brasileiro está correspondendo às expectativas.
O estilo discreto tem uma explicação: os argentinos não querem despertar atenções neste momento, em que a lei da TV a cabo está sendo discutida no Congresso.
Até agora, o setor é regulamentado apenas por uma portaria (nº 250), assinada na antevéspera do 2º turno da eleição presidencial, em 1989, pelo então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães.
Essa portaria não permite TVs a cabo tal como elas funcionam no exterior, onde as empresas podem gerar programação própria. Admite apenas a distribuição de sinais de TV por meios físicos (cabos).
A portaria não faz restrições ao capital eexterno, mas o projeto de lei da TV a Cabo com programação própria prevê limite de 49%.

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