São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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Comissão de Hebron inocenta Israel

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O relatório da comissão de Israel que investigou o massacre de 29 muçulmanos na mesquita de Hebron inocenta o governo e autoridades militares de responsabilidade no episódio.
O documento de 338 páginas, divulgado ontem, afirma que o colono Baruch Goldstein foi o único responsável pelas mortes em 25 de fevereiro.
"Não acreditamos que alguém possa ser culpado por não ter previsto o fato de que um judeu planejou e praticou um massacre de muçulmanos", diz o relatório.
A comissão também afirma que não há provas que sustentem que a ação foi praticada por mais de uma pessoa.
Goldstein, um médico judeu de origem norte-americana que vivia no assentamento de Kiryat Arba, local onde vive um grande número de radicais judeus, invadiu a mesquita em 25 de fevereiro.
Vestido com roupas militares, ele atirou com um rifle automático contra muçulmanos que rezavam no local. Goldstein foi linchado pelos sobreviventes do massacre.
O responsável pela administração palestina nos territórios autônomos, Saeb Erekat, reagiu às conclusões dizendo que "o governo de Israel e a política nos assentamentos judeus tem total responsabilidade por esse crime".
O prefeito palestino de Hebron, Mustafa Natsheh, disse que aceita a conclusão de que o crime foi praticado por Goldstein sozinho, mas "a atmosfera criada por seus colegas, os colonos, ajudou na execução do crime".
A comissão critica a falta de disciplina e coordenação na segurança do local. Vários dos guardas da mesquita não estavam em seus postos no momento do crime.
O documento também recomenda que judeus armados sejam proibidos de entrar na Tumba dos Patriarcas, local da mesquita, e pede que fiéis muçulmanos e judeus fiquem em locais separados.
O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, disse que as recomendações serão colocadas em prática pelo governo.
Os quatro membros da comissão, chefiada pelo presidente da Suprema Corte de Israel, Meir Shamgar, ouviu durante 6 semanas 106 testemunhas.
O prefeito de Jerusalém, Ehud Olmert, anunciou a criação de um comando para coordenar esforços contra a ida do dirigente da OLP, Iasser Arafat, à cidade.
Olmert disse que, mesmo após a assinatura do acordo de paz, Arafat não deixou o terrorismo.
Ele também afirmou temer que a ida de Arafat a Jerusalém provoque um grave confronto com oponentes judeus.

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