São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 1994
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A privatização da Embraer

Na estabilização das principais economias latino-americanas, que, como o Brasil, tiveram um mau desempenho na década de 80, mas que, diferentemente deste, já há alguns anos saíram do atoleiro, os processos de privatização estiveram sempre presentes.
Muitas vezes, o estímulo inicial para a transferência das empresas ao setor privado foi a necessidade de combater o déficit público e fazer caixa para governos financeiramente frágeis. Mas além desse aspecto conjuntural, as privatizações possibilitaram que administrações mais ágeis e eficientes viessem a dirigir as empresas, colocando-as em nível das exigências de um mercado cada vez mais competitivo.
No Brasil, ainda que vários leilões tenham se realizado com sucesso, o cronograma das privatizações sofreu sucessivas alterações. Mas, ainda que sem a velocidade desejável, ele prossegue.
No dia 4 de agosto está marcado o leilão da Embraer. Fruto de um período em que se julgava que o Estado deveria atuar como empresário nos mais diversos ramos da indústria, a empresa hoje está sendo preparada para a privatização sob os auspícios do próprio Ministério da Aeronáutica. Sinal de sensibilidade para as necessidades de modernização do país.
Há hoje um amplo reconhecimento de que o setor privado tem melhores condições de administrar a empresa. Aliás, não faz o menor sentido o governo gerenciar diretamente uma atividade tão distante de suas funções prioritárias. É muito mais sensato que os escassos –e muitas vezes mal utilizados– recursos sejam direcionados para a melhoria dos serviços públicos essenciais, grande parte dos quais encontra-se em estado lastimável.
O sucesso de mais esse passo na readequação das atividades do setor público só poderá trazer benefícios ao Brasil. Afinal, já é mais do que hora de o Estado ater-se a suas funções precípuas.

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