São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994![]() |
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Essa gente
NELSON DE SÁ
Os empresários que falam em aumento de preço, depois da entrada do real, foram chamados por diversos nomes. Nada de chulo, mas o objetivo de agredir, ofender ficou bastante claro. Três exemplos: Inescrupulosos. Irresponsáveis. Gananciosos. Até como "essa gente" os donos de supermercados foram citados. Não que o ministro esteja errado, ao reagir às ameaças –pois são ameaças– dos supermercados. Mas a agressão não anuncia coisa boa. Afinal, lembrava outro dia a âncora Lilian Witte Fibe, do Jornal da Globo, não é o próprio governo que afirma que os preços estão livres? Não é o ministro quem garante que não vai haver congelamento? Além disso, não adianta sair declarando que "agora é para valer", ou que "o real vai ser forte", se no primeiro comentário sobre uma eventual elevação de preço o governo Itamar treme todo, de medo. Chega! No Jornal da CBN, ontem no rádio, o tucano Fernando Henrique Cardoso fez o possível para acertar seu discurso com a nova agressividade do governo Itamar. Que é, como se sabe, o seu grande eleitor. Primeiro, na manchete do noticiário, "negou o encontro secreto com o presidente Itamar para pedir que ele não seja duro com empresários". Depois, ao microfone, apoiou a luta, por assim dizer, contra o aumento explosivo de preços. "Chega!", declarou FHC, bombasticamente, mostrando que segue aprendendo a fazer campanha na velha tradição. Afinal, ameaçar empresários, mesmo sendo só para o eleitor mais desavisado, nunca foi uma característica sua. Sunab Seguindo a velha tradição, o oficialismo da Globo também bradou ontem que "os fiscais da Sunab vão para as ruas em grande blitz nacional contra o abuso de preços". Repete-se a história do Cruzado. E o ministro Ricupero ainda insiste em dizer –como fazia ontem, na rede de televisão– que o Plano Real tem todas as diferenças do mundo com o Cruzado. Por enquanto, o que se vê são semelhanças. Texto Anterior: 'Manipulação genética do tabaco é comum' Próximo Texto: Conselho de Medicina apura casos ilegais Índice |
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