São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Suécia só deu alegria ao Brasil

ALBERTO HELENA JR.
EM LOS GATOS

A Suécia só nos traz boas lembranças. Desde a Copa da França, em 38, quando goleamos os suecos por 4 a 2 e ficamos com o terceiro lugar. Em 50, os suecos entraram na dança, junto com a Espanha, ao som da marchinha "Touradas em Madri", duas goleadas históricas, que nos lavaram a alma e nos levaram à perdição: 7 a 1.
E foi contra a mesma Suécia, também numa goleada -5 a 2-, que levantamos o caneco pela primeira vez, em 58. Por fim, na Itália, há quatro anos, 2 a 0. Mas ficou um travo amargo, em 78, na Argentina, quando empatamos de 1 a 1. Não contra os suecos, que sempre foram impecáveis. Mas contra aquele juiz ladrão que apitou o final do primeiro tempo quando a bola alçava vôo em direção à cabeçada certeira de Zico, na cobrança de um escanteio, anulando um gol legítimo.
Hoje, em Detroit, estaremos novamente frente à frente. E nada neste mundo me faz supor que podemos ter uma surpresa. Nosso time não está aqui para brilhar. Mais que isso: esconjura o brilho, o show, o espetáculo. Tem plena consciência de suas limitações e nítida visão de seu objetivo: quer simplesmente ganhar a Copa, modestamente, opacamente, burocraticamente, não importa. E é o que está fazendo até agora: gol indevassado e cinco bolas nas redes russas e camaronesas.
Já a Suécia, muito longe daquele futebol encantador de 58 e 74, caminha nesta Copa meio reticente. Um empate aqui, com Camarões, uma vitória de virada, suada, com um gol de pênalti ali na Rússia, e assim chega diante do Brasil, sem maiores pretensões, senão um empate que lhe dê chances de continuar viva na Copa. Talvez até uma derrota digna lhe assegure essa oportunidade.
Logo, o que temer? Tem, duas coisas: a nossa soberba e as bolas altas dos suecos na área brasileira. Isso, porque não boto fé na saída de gol de Taffarel (incrível: mas esse moço era quase perfeito nisso, tempos atrás!). E, embora Márcio Santos seja um bom espanador da lua, seu parceiro de zaga, Aldair, tem falhado nesses lances com certa frequência.
Então, ficamos assim: uma cabeçada loura e gol. Pronto. Acabou a festa, pois Romário vai lá e tira a diferença. O resto é bola rolando daqui pra lá, de lá pra cá, até o apito final.

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