São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Estádio coberto assusta seleção brasileira

FERNANDO RODRIGUES E MÁRIO MAGALHÃES
DOS ENVIADOS A DETROIT

A seleção brasileira está assustada com o estádio coberto onde jogará hoje em Detroit contra a equipe da Suécia.
O Silverdome, onde será realizado o jogo, foi construído em 1975 e tem capacidade para 77.557 pessoas. É totalmente coberto.
Apenas dois jogadores dos 22 da seleção dizem já ter jogado em estádios cobertos: o goleiro Gilmar e o lateral-esquerdo Leonardo.
"Fomos numa excursão do Flamengo para o Canadá. O jogo foi em Vancouver", diz Leonardo.
Para o lateral, a "acústica do estádio fica diferente". Por causa da cobertura, o som da bola sendo chutada ou da torcida na arquibancada tem uma ressonância maior.
Para Wendell Ramalho, o treinador de goleiros da seleção, a bola tende a ficar "ainda mais leve no estádio coberto".
Como a grama deve estar seca, raciocina Wendell, a bola não ganhará peso ao longo do jogo. "E essa bola já é normalmente mais leve do que a que usamos nos campeonatos no Brasil", diz.
A conclusão de Wendell está errada. A bola usada na Copa do Mundo é impermeável e não acumula água mesmo se o gramado estiver molhado.
Mesmo assim, o goleiro Taffarel já foi avisado por Wendell para "tomar cuidado com bolas chutadas a meia distância, pois elas podem cair com uma rapidez maior".
O técnico Carlos Alberto Parreira não sabe o que dizer sobre um jogo em estádio coberto. Será a primeira vez que vai dirigir uma equipe nessas condições.
"Você olha para o céu e não vê o céu. Se é à noite, não vê a noite. É esquisito", afirma o técnico brasileiro.
O capitão do time, Raí, é outro que está preocupado com o Silverdome. Para ele, "a ventilação é muito menor e pode ser um problema para o time".
O meia Dunga nunca jogou nesse tipo de estádio e também teme a falta de ventilação. "Acho que é mais fácil jogar no sol, onde já estou acostumado".
O preparador físico Moraci Sant'Anna será o encarregado de explicar para os jogadores que o Silverdome deve ser encarado como uma vantagem para o time.
"É lógico que é melhor jogar sem o efeito direto do sol sobre os jogadores. O desgaste e a perda de líquido durante o jogo será menor. Consequentemente, os atletas ficam com mais energia", diz Moraci Sant'Anna.
Indagado se o estádio Silverdome seria mais benéfico para a Suécia –que não está acostumada a jogar sob o sol forte– do que para o Brasil, Sant'Anna disse que não.
"O que importa é estar bem preparado fisicamente. O nosso time está bem fisicamente. Nesse caso, se o estádio tem uma temperatura menor do que o normal, nós estaremos em melhores condições de aproveitá-la". (FR e MM)

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