São Paulo, terça-feira, 28 de junho de 1994
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Sem Dahlin, Suécia perde a arma fatal

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Meus amigos, meus inimigos, o Brasil decide hoje se é o primeiro do Grupo B lá no belo e distante Pontiac (os locais pronunciam "póniac", sem o t) Silverdome, perto de Detroit, Michigan.
É o primeiro estádio integralmente coberto em Copas do Mundo. Reclama-se muito do calor, que não senti tão forte no jogo Suíça 4 x 1 Romênia. Mas fica uma sensação de que o ar é abafado.
É como se os times jogassem embalados a vácuo. Dizem que, no campo, fica um mau cheiro. Os odores não se desmancham no ar represado. O estádio é climatizado. Tem portas rotatórias de vidro.
Vamos ver o que acontece com a torcida brasileira nessas portas. Se fosse no Brasil, seria um desastre. Como a torcida brasileira anda mais comportada por aqui, parece que elas rolarão tranquilas.
O jogador dos EUA Marcelo Balboa, que poderá pegar o Brasil nas oitavas, diz que é o melhor campo em que ele já jogou. A grama ali seca mais lentamente. O gramado não precisa ser muito irrigado.
Assisti ao jogo em que a Suécia empatou com Camarões, lá em LA. Jogou mal. Vi o teipe do jogo em que os suecos venceram a Rússia. Pela TV, não dá para tirar conclusões sobre tática de jogo.
Mas a Suécia se apresentou melhor. Creio que há uma diferença substancial entra a seleção sueca e os dois primeiros adversários do Brasil. Ela reside na organização da maneira de jogar.
Vamos dizer que a Suécia é uma seleção mediana do ponto de vista técnico. Mas, à diferença de Rússia e Camarões, é um time com padrão de jogo e sistemazido taticamente dentro do campo.
Rússia e Camarões vieram para a Copa da maneira que puderam. Se juntaram na última hora. Pouco treinaram. Zero conjunto. Zero sistematização de jogo. Apenas a tentativa de marcar fortemente.
A Suécia está jogando há bastante tempo junto e é um time que tem conjunto. Isto não significa que o Brasil vai ter necessariamente um adversário mais difícil. Ou mais fácil. Não.
Significa apenas que nós passamos agora a jogar contra times com mais consistência tatica, mais organizados dentro de campo, mais treinados. Esta é a tendência a partir das quartas-de-final.
O Henrik Larsson (7, Feyenoord, Holanda), que joga com tiara segurando seu cabelo dreadlock, é um ala-atacante rápido, chuta forte, mas não chega a ser um jogador excepcional.
Um jogador importantíssimo é o número 6 Stefan Schwarz (transferido do Benfica, Portugal, para o Arsenal, Inglaterra). É o canhotinha de ouro europeu: terrível nas faltas, escanteios e cruzamentos.
A zona central da defesa da Suécia é muito fraca. E o time tem um dos jogadores com menos aptidão para jogar futebol de toda a Copa: o grandalhão Klas Ingesson, do PSV Eindhoven, Holanda.
O Brasil pega a Suécia sem Dahlin e pode jogar contra os EUA depois. Está com sorte. Mas, dá pra ganhar sem ela?

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