São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Zinho e Raí atuam mal e tornam a repetir erros

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A PONTIAC

O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, ainda não conseguiu resolver dois dos problemas mais antigos da seleção brasileira: a correta função tática de Raí e Zinho.
O jogo com a Suécia, ontem, no estádio Silverdome, foi um novo exemplo. Com uma colocação em campo diferente da que estão acostumados em seus clubes, os jogadores ainda sentem problemas de adaptação.
"Realmente eu consigo jogar bem melhor no Palmeiras, em que atuo mais ponta que pela seleção", reconheceu Zinho, que ontem era obrigado a liberar a ponta para o lateral Leonardo.
A troca de função ainda não foi bem assimilida por Zinho –se no Palmeiras consegue dividir bem o espaço com o lateral Roberto Carlos, na seleção Zinho mostrou ontem que ainda a partilha é complicada.
Enquanto Leonardo cumpria com determinação a função de armar jogadas pela ponta, Zinho sentia-se perdido na marcação dos zagueiros quando era obrigado a correr pelo meio.
Como os suecos adotaram uma marcação por zona, ou seja, cada um cuidando de uma área específica do campo, o meia palmeirense não conseguia se livrar de nenhum marcador.
"Meu grande problema", disse Zinho, antes da partida, "é acertar um entrosamento com o Leonardo na lateral e Raí na entrada da área".
O técnico Parreira acredita que o acerto deve acontecer por uma determinação do jogador e não uma mudança tática sua.
"Sempre disse que todos os jogadores têm liberdade para criar, mesmo que abandonando a colocação que se determina antes", comentou.
A explicação atinge diretamente o meia Raí. Criticado por não cumprir bem a função de elo entre o meio-campo e o ataque, o jogador reagiu bem na estréia brasileira na Copa.
Na vitória (2 a 0) contra a Rússia, Raí conseguiu movimentar-se com facilidade em campo, alternando bem tanto o auxílio na marcação como a armação das jogadas de ataque.
Contra a Suécia, ontem, porém, Raí voltou a exibir os mesmos erros. Orientado a ajudar Jorginho na lateral direita, o jogador confundiu-se novamente em sua colocação.
Raí teve dificuldade para encontrar seu espaço –se Zinho ao menos alternava com Leonardo as descidas pela ponta, o meia do Paris Saint-Germain não conseguiu o mesmo com Jorginho, ocupando muitas vezes a mesma posição.
Confuso, Raí teve problemas até em jogadas consideradas básicas, como o auxílio na marcação. Aos 44min do primeiro tempo, o meia não acompanhou o zagueiro sueco Patrik Anderson, que cabeceou livre uma jogada de escanteio, apesar da orientação de ajudar nas cabeçadas.
Atento ao detalhe, Parreira mudou a colocação de Raí no segundo tempo, fixando-o mais no meio com a função de armar e de aproveitar as rebatidas.
Se possibilitou um melhor aproveitamento de Raí –que conseguiu despontar mais como opção aos lançamentos–, Parreira travou outra jogada de ataque: as descidas de Jorginho, obrigado a cuidar mais da marcação. Com isso, o problema apenas trocou de lado.

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