São Paulo, quarta-feira, 29 de junho de 1994
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Nada muda, até os erros são os mesmos

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A PONTIAC

Meus amigos, meus inimigos, o time idealizado por Parreira voltou a mostrar os mesmos erros e defeitos dos dois primeiros jogos do Brasil.
Com uma diferença, como esta coluna dizia ontem. O Brasil pegava seu primeiro adversário organizado taticamente. Um time sem craques diferenciais, mas bem treinado e eficiente dentro do campo.
Rússia e Camarões, times juntados às pressas, não tinha objetivo quando dominavam a bola. Não tinham jogadas treinadas. Não se organizavam, nem se posicionavam dentro do campo.
Evidentemente, este não é o caso da Suécia, um time quase geométrico, com as suas peças dispostas com o rigor de um jogo de xadrez. E um time que joga junto há bastante tempo.
Além disso, o esquema idealizado por Parreira Copa é muito previsível: Raí por um lado, Zinho por outro, tentativa de subida ao ataque dos laterais. Todos os técnicos adversários já manjaram.
Resultado: os suecos entraram com Larsson (7), pela direita, barrando a subida do Leonardo e o grandalhão Ingesson (8), o bárbaro, tentando segurar o Jorginho pelo seu lado esquerdo.
Se Bebeto e Romário, à frente, tivessem a mobilidade que mostraram até agora Caniggia e Batistuta, por exemplo, da Argentina, o esquema funcionaria melhor. Mas suas características são outras.
Também como nos dois primeiros jogos, a o espaço de criação (e até de conclusão de longa distância) abriu-se para Mauro Silva e Dunga. Mas os dois duplicam funções e são ineficientes.
(A Argentina também está jogando com dois volantes –ou dois cabeças-de-área, como se diz por aí. Mas Simeone fica mais plantado e Redondo sai para fornecer condições de jogo ao ataque).
Outro ponto importante é a falta de velocidade na saída da bola. Com a entrada de Mazinho no segundo tempo, o time adquiriu mais mobilidade e melhorou um pouco a velocidade do toque de bola.
Então bye, bye. Que eu estou saindo do jogo correndo para pegar o vôo das 20h. Eu, o cavaleiro solitário. Eu, o caubói urbano. Eu no meu Paris, Texas.
Ou melhor, Detroit, Texas. Da terra do carro para a terra do cavalo. Nesta terra de caubóis do asfalto. "El reportero cibernético", o descobridor dos sete ares cavalgando com botas de sete léguas.
Amanhã tem Horlanda. Holanda em Orlando. A laranja mecânica perdeu o caldo. Para os limões mecânicos da Nigéria. O etno fut da elegância total. E depois, Dallas. Atrás do dólar furado.
Para o Texas como um maverick rebelde na tradição de Orson Welles. Como os mavericks desta Copa são os argentinos, os desgarrados do rebanho. Para o Texas para ver o kid don Diego Armando.

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