São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Governo espera 5% de inflação em julho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica trabalha com uma inflação de até 5% no mês de julho, o mês de lançamento do real na economia brasileira. Para agosto, a expectativa é que a taxa de inflação caia para 2%.
O comportamento da inflação nos primeiros meses do Plano Real foi analisado ontem pelo presidente do Banco Central, Pedro Malan, com a sua equipe.
O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, tem recomendado à sua equipe evitar declarações indicando que a inflação em real possa beirar zero no início da implantação do programa econômico.
O objetivo é não criar expectativas que depois não serão confirmadas. A equipe econômica prefere uma taxa um pouco maior em julho, caindo em agosto, para afastar pressões principalmente do Palácio do Planalto.
Se os índices do IPC-R –que vai captar a inflação em real– não apresentarem queda nos primeiros três meses de plano, a equipe teme que o presidente Itamar pressione por um controle de preços.
O assessor especial do Ministério da Fazenda, Edmar Bacha, já está escalado pelo ministro Ricupero para explicar os motivos de uma inflação de até 5% em julho.
Bacha tem dito que julho será um mês atípico, com a divulgação de vários índices que ainda sofrerão influência da inflação em cruzeiros reais.
A equipe econômica, em suas reuniões de conjuntura, avalia que os empresários não terão como justificar reajustes de preços nos primeiros meses do real.
O principal argumento é que vários preços da economia ficarão congelados por prazo indeterminado, não pressionando o custo das empresas.
Nesta lista, estão o câmbio, as tarifas públicas –combustíveis, energia elétrica, telefones– e todos os tipos de contratos.
Os assessores do ministro Ricupero destacam ainda que a MP (medida provisória) do real vai estabelecer uma meta rígida para a quantidade de dinheiro na economia e que eles não admitirão flexibilização nestas regras.
O comando da campanha do candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, também trabalha com a hipótese de uma inflação de 5% em junho, caindo nos meses seguintes.
Eles esperam que na data do primeiro turno das eleições presidenciais –3 de outubro–, a inflação esteja perto de zero, atraindo mais votos para FHC.

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