São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Emissão gerada por dólar será controlada

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Além da emissão para pagar as contas do governo, outros dois fatores de expansão de dinheiro preocupam o Banco Central, segundo explica seu diretor de Normas, Alkimar Moura.
Trata-se da balança de pagamentos e de eventuais ações do BC dando dinheiro para socorrer bancos em dificuldades.
O primeiro caso consiste na entrada de dólares, quer através dos exportadores, quer através dos investidores estrangeiros que aplicam no Brasil.
Os dólares têm que ser transformados em moeda local e isso expande a quantidade de dinheiro. Quando não há limites de expansão para a moeda, não há problema.
Com as restrições que a equipe econômica quer fixar em medida provisória, o BC poderá ser obrigado a limitar a entrada de dólares por não ter os reais para fazer a troca.
Nesse caso, diz Moura, o BC vai controlar a entrada de dólares, com instrumentos de que já dispõe.
Haverá inclusive limites para as empresas brasileiras tomarem empréstimos no exterior. Esses empréstimos em dólar também teriam que virar reais.
O BC não está preocupado com esses limites, mesmo porque tem reservas beirando os US$ 40 bilhões. A quantia, acreditam os técnicos do BC, já é mais do que o suficiente para bancar o real na paridade de um a um com o dólar.
O Banco Central também prentende não mais emitir dinheiro para salvar bancos com dificuldades de caixa.
Bancos estatais estaduais estão recebendo títulos do governo federal para se equilibrarem.
Quando precisarem de dinheiro, precisarão ir ao mercado interbancário para tomar emprestado, oferecendo esses títulos como garantia para as operações.
Bancos privados
Quanto aos bancos privados que estiverem com dificuldades de caixa, o BC também pretende não recomprar esses títulos.
Com isso, a instituição os forçaria a pedir emprestado a outros bancos para superarem eventuais dificuldades.
Se não conseguirem, vão pedir emprestado ao BC, na chamada de linha de redesconto. É dinheiro que outros bancos deixam ali depositado.
Não se tratando de emissão, não há expansão do dinheiro em circulação. E o BC promete cobrar juros caros nesse tipo de operação.
Em resumo, toda a economia terá que se acomodar à quantidade de reais em circulação.
Hoje, o BC só opera a taxa de juros. A partir de 1.º de julho, vai operar a quantidade de moeda, sendo todo o resto derivado disso. (CAS)

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