São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Este ano terá um 4 de julho do barulho

MATINAS SUZUKI JR.
ENVIADO ESPECIAL A ORLANDO

Meus amigos, meus inimigos, aí vem um 4 de julho, a data cívica americana, mitológico. O slogan da Copa aqui é "fazendo a história do futebol".
No 4 de julho o futebol por aqui poderá cantar "born in the USA". Porque, tudo indica, o jogo entre os brasileiros e os locais deverá bater todas as estatísticas previstas antes desta Copa.
As televisões –incluindo aí não só as especializadas em esportes, mas também as redes nacionais– aumentaram a sua audiência a cada jogo do time dos EUA.
Até anteontem, cerca de dois milhões de pessoas já tinham ido aos estádios. O público médio nos primeiros 28 jogos foi de 68.140 pessoas, um recorde absoluto em cifras de Copas do Mundo.
E a partida com maior público até agora foi justamente uma da seleção dos EUA: o jogo contra a Romênia (93.869 torcedores). A América começa a participar do concerto étnico do futebol.
Jogar contra o Brasil, do ponto de vista simbólico, é tudo que os organizadores da Copa e os planejadores da seleção americana poderiam desejar. É certeza de público, de atração de bilheteria e audiência.
Será também uma tarefa difícil, mas ligeiramente confortável para os bravos jogadores do time da terra das oportunidades. Se ganharem, entram para a história. Se perderem, perderam para um favorito.

Meus amigos, meus inimigos, a Argentina, que hoje pega a Bulgária lá em Dallas, onde estarei, pode ser o único time a fazer nove pontos na 1ª fase. Sobrou a tarefa para o time de Diego Armando.
E ele, Maradona, a Madonna da Copa, ao entrar em campo hoje, estará batendo o recorde histórico de todos os jogadores. Será o jogador que mais vezes disputou partidas em Copas do Mundo.
Ainda bem que os deuses do futebol concederam esta glória a ele, um gênio. E não para um Dunga, por exemplo.

Wow! Você viu o gol que o Saeed Owairan, o 10 da Arábia Saudita, fez contra os belgas?
Depois dizem que não haveria lugar para o Dener nesta Copa do Mundo. Ninguém me tira da cabeça que ele baixou na chuteira do Owairan só para a gente lembrar do que poderia ter sido.
Só para a gente lembrar que a miséria que estamos vendo no gramado poderia ter sido um céu imenso.
Que Alá esteja convosco, oh! grande Owairan do Oriente. E por falar em Alá: Ala-la-ôôô, Ala-la-ôôô. Aí que calôôôr...

Hoje termina a primeira fase da minhas andanças pelas Américas. Verei o meu 14º jogo ao vivo e em cores. Serão 1.260 minutos de bola correndo pelos EUA.
Este país é uma highway, uma freeway, uma expressway. Este país é uma estrada. Este país é um caminho.
Embarcar é preciso. Viver... Amanhã, logo cedo, pé na estrada. Minha vida é um check-in. Com muitos check-outs.
Bom Real pra você, que cai na real.

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