São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Eu escalaria Muller e Romário no ataque

JOHAN CRUYFF
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil cumpriu o seu objetivo, que era ficar em primeiro lugar no grupo B. Por isso, mereceu o prêmio de continuar jogando em San Francisco, o que sempre é uma vantagem.
No entanto, o fato de enfrentar os Estados Unidos nas oitavas-de-final fará com que o fator campo não seja tão importante.
Afinal, o Brasil enfrentará a equipe local, anfitriã desta Copa do Mundo, e que terá quase toda a torcida a seu favor.
Depois de ter acompanhado a primeira fase, não creio que o Brasil terá problemas para avançar na competição.
Mas quero deixar claro alguns pontos deficientes e indicar os perigos que a seleção canarinho pode enfrentar na próxima fase.
O Brasil é muito melhor que os Estados Unidos, mas não se pode cometer o erro de pensar que os norte-americanos são ruins. Se isso ocorrer, tudo o que poderia ser fácil pode se tornar uma perigosa armadilha.
Os Estados Unidos têm um estilo de jogo determinado e, como a Irlanda, fica muito difícil batê-los se eles tiverem oportunidade de lutar.
A Colômbia é infinitamente melhor que os Estados Unidos. E, no entanto, acabou perdendo, pois deixou que o ritmo da bola fosse lentíssimo.
Isso permitiu que os jogadores norte-americanos, que são uns verdadeiros atletas, lutassem homem contra homem na maioria das jogadas. Assim, naturalmente, a força acabou se impondo.
A seleção brasileira não deve cometer esse erro. Tem de encarar a partida com grande concentração e sabendo que será aborrecido jogar contra um adversário que não quer saber de movimentar a bola.
Mas há outra coisa que o Brasil deve levar em conta, e eu já disso antes, numa de minhas primeiras colunas: a equipe de Parreira tem bons jogadores, mas depende demasiadamente de Romário.
Se Romário não consegue romper a defesa inimiga, não há ninguém que possa fazer isso na equipe, o que é arriscado.
Eu nunca daria um conselho a um técnico, pois acho que ninguém melhor do que ele conhece o estado físico e mental de seus jogadores.
Mas devo dizer que a minha dupla de atacantes para jogar a reta final desta Copa seria Romário e Muller, que são jogadores muito diferentes e é disso que precisa o conjunto.

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