São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994 |
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Ushuaia é um interessante fim de mundo
PAULO GIANDALIA
Os fueguinos (habitantes do arquipélago) se orgulham disso e dão o nome de "fim do mundo" a lojas, agências de turismo e até ao museu histórico. Mas a distância fica só no nome. Ushuaia (ou "uçuaia", como pronunciam seus moradores) está profundamente conectada ao mundo. Porto livre e zona franca de importação, a capital fueguina vende produtos de vários países e está sintonizada em 30 canais de TV a cabo –entre eles ESPN, CNN, Televisa, a rede Manchete brasileira, TVs locais, argentinas e espanholas, pelo preço mensal de US$ 45 (cerca de 45 URVs). Há também duas emissoras locais, quatro jornais e seis estações de rádio AM e FM. O padrão de vida é alto. O salário mínimo é de US$ 700. A maioria das famílias tem renda maior que US$ 2.000, não há desemprego e circula pelas ruas 1,4 carro para cada habitante –são 50 mil veículos para 35 mil moradores. O aluguel, no entanto, é caro: US$ 1.000 por uma casa de dois quartos e de US$ 600 a US$ 800 por um apartamento de um quarto. Por causa disso, cresce o número de casas-trenós, os "barracos" fueguinos. As casas-trenós são construídas com zinco, madeira, papel-jornal e juta sobrepostos. Por fora, madeira. Por dentro, o papel-jornal é pintado para melhorar o aspecto. São assentadas sobre troncos de madeira para evitar a umidade e, principalmente, para que se possa transportá-las. É uma característica fundamental: as casas são construídas irregularmente sobre terrenos municipais e o governo pode requisitar a área. Quando isso acontece, a desocupação é feita sem destruir a casa. O transporte urbano é feito por carros, caminhonetes e quadriciclos. Há uma única linha de ônibus, muitos táxis e todo mundo tem veículos. Na Calle San Martín, centro comercial e administrativo da cidade, o movimento é sempre grande. Os preços de alimentação e supérfluos são totalmente isentos de impostos. Por exemplo, a gasolina é tão barata quanto o diesel. A maioria absoluta dos veículos é a gasolina. O cigarro argentino custa mais barato em Ushuaia que em Buenos Aires: US$ 0,50 contra US$ 2. LEIA MAIS Sobre a Terra do Fogo nas págs. 6-13 a 6-15. O repórter-fotográfico PAULO GIANDALIA viajou a convite do Instituto Fueguino de Turismo e da Secretaria de Turismo da Argentina. Texto Anterior: PARA QUANDO VOCÊ EMBARCAR NO TERRA AUSTRALIS Próximo Texto: Neve e água divertem na Terra do Fogo Índice |
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