São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 1994
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Neve e água divertem na Terra do Fogo

PAULO GIANDALIA
DO ENVIADO ESPECIAL À TERRA DO FOGO

A primeira vista da cidade de Ushuaia é impressionante. Tudo é branco e majestoso e o horizonte é dominado pelas neves eternas da cadeia Martial, o nome que a cordilheira dos Andes recebe em solo fueguino.
As montanhas dividem a maior ilha do arquipélago em território chileno, a oeste, e argentino, a leste. É nesta parte que ficam as cidades de Ushuaia e Rio Grande.
Dois vôos partem todos os dias de Buenos Aires para Ushuaia, numa viagem de quatro horas. Mas se a paisagem é o melhor da viagem, o aeroporto é o pior.
Pequeno e despreparado, ele mal comporta os bimotores da companhia aérea local –a Kaiken– e os jatos de porte médio da Aerolineas Argentinas. A pista começa à beira-mar, como no aeroporto Santos Dumont, do Rio.
Para resolver o problema, um novo aeroporto internacional está sendo construído. Ele terá capacidade para todo tipo de avião e ficará pronto em dez meses.
Além da neve, uma das atrações da ilha são as águas. O Clube Náutico de Ushuaia oferece várias modalidades de excursão marítima, que chegam até a Antártida em viagens de dez a 15 dias. A média de preço é de US$ 300 (cerca de 300 URVs) por dia, por pessoa.
Os barcos são de franceses, dinamarqueses e argentinos. Uma das excursões leva 35 dias ida e volta, até a Península Antártica.
Existem sete ou oito cruzeiros por ano que passam por Ushuaia e vão para a Antártida.
Há todos os tipos de atividades esportivas típicas de inverno: patinação, esqui motorizado, biatlo (competição com tiro e esqui), excursões a pé e a cavalo, futebol na neve, hóquei na neve, moto-trenó ("snow-cats") e pesca de truta.
O turismo informal e o mais profissional convivem o ano inteiro. Os argentinos aproveitam o verão para ir até a Terra do Fogo, quando as temperaturas são mais amenas: entre 10ºC e 20ºC.
No inverno, o movimento turístico cai pela metade. É por isso que as agências fazem promoções para estimular as visitas.
A capacidade hoteleira da cidade é de 1.500 leitos. Aproximadamente 50 mil turistas visitam todo ano a Terra do Fogo –Bariloche recebe 600 mil. Ushuaia tenta ser uma alternativa mais refinada para o turista que procura esse tipo de clima e diversão, na neve.
Hotéis como a Hosteria Petrel, por exemplo, investem em esportes. O hotel tem uma pista de esqui alpino de 500 metros e trenós. No verão, promove torneios de pesca de trutas no lago Escondido, às margens do qual foi construído.
Com apenas 14 quartos, o hotel cobra US$ 29 por quarto simples e US$ 35 pelo duplo, com café da manhã incluído.
Os pratos típicos da Terra do Fogo são o cordeiro fueguino e a "centoja", caranguejo gigante conhecido aqui na forma de "kani", típico de restaurantes japoneses.
Um bom restaurante especializado em "centojas" é o Kaupês. Seu dono, Ernesto Vivian, é também o cozinheiro e o marido da garçonete. O restaurante fica dentro da casa do casal, na sala.
A comida –quantidade e tempero– é preparada conforme a descrição que a mulher faz do freguês para o cozinheiro. A refeição, com bebida e sobremesa, sai por cerca de US$ 60.
O comércio na cidade de Ushuaia funciona das 10h às 20h e não fecha para o almoço. Não são aceitos "traveller cheques" na Terra do Fogo, mas todos os cartões de crédito podem ser usados e compras com eles são estimuladas nas lojas, hotéis e restaurantes. (Paulo Giandalia)

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