São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994
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Nos EUA, comissão técnica apóia o plano econômico

Mas Parreira desconhece medidas adotadas pelo governo

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A LOS GATOS

Isolados em uma cidade do interior dos Estados Unidos desde o dia 26 de maio último, os integrantes da comissão técnica da seleção brasileira de futebol disseram ontem que apoiam o Plano Real.
O técnico Carlos Alberto Parreira não sabe direito como é o plano de estabilização.
"Eu só espero que dê certo. No Brasil quem cuida das contas é minha mulher", disse.
Parreira esqueceu CR$ 50 mil no bolso quando veio para os Estados Unidos. "Agora, não vou ter como trocar", disse o técnico.
Se o time do Brasil for para a final da Copa do Mundo, no dia 17 deste mês, Parreira só voltará ao Brasil depois da data final para a troca de cruzeiros reais para reais.
Parreira tem duas possibilidades de trocar seu dinheiro até o dia 15: a primeira é se a seleção brasileira perder logo e retornar ao país antes do final do Mundial.
A segunda chance ocorrerá se o governo prorrogar o prazo para a troca de moeda.
"Não tem problema. Quero que a seleção de economistas do planode estabilização tenha o mesmo sucesso da seleção de futebol na Copa do Mundo", afirmou o técnico brasileiro.
Para Parreira, a seleção é o time que melhor tem se saído até agora no Mundial dos Estados Unidos.
O coordenador técnico da seleção, Mário Jorge Lobo Zagalo, disse ter se protegido contra o Plano Real.
"Entrei no real antes de viajar." Zagalo aplicou parte de seu dinheiro em dólar.
"O real não é igual ao dólar? Então, entrei no real antes", disse, brincando, o coordenador técnico.
Para o preparador físico Moraci Sant'Anna, "o Plano Real tem tudo para dar certo".
"Só fico preocupado com o fato de o ministro que preparou o plano ter deixado o posto para se candidatar a presidente. Esse tipo de uso eleitoral pode ser prejudicial ao sucesso do plano", afirmou Sant'Anna.
O médico da seleção, Lídio Toledo, disse torcer "para que o plano dê certo". Lídio deixou todas as suas economias "aplicadas do mesmo jeito de sempre".

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