São Paulo, sexta-feira, 1 de julho de 1994 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ponto extra por vitória não muda classificação
MARCELO DAMATO
A melhoria de alguns fundamentos desta Copa (média de gols subiu e número de faltas caiu), em relação às duas passadas, não pode ser comprovadamente atribuída, nem parcialmente, à nova regra. Essa tendência já é verificada desde 1991, quando foi proibido o recuo da bola com os pés para o goleiro e elevado o rigor dos árbitros contra os jogadores violentos. A regra dos três pontos foi anunciada dois meses antes da Copa como um incentivo extra para as seleções buscarem as vitórias. O fato de dois empates não mais valerem o mesmo que uma vitória iria, na opinião dos dirigentes da Fifa, estimularia o jogo ofensivo. Os resultados não mostram isso. Na primeira fase da Copa de 86, houve 11 empates. Em 90, na Itália, os empates foram oito. Nas duas Copas, a vitória valia dois pontos. Nos EUA, quando foi concendido o ponto extra, também foram oito os empates. Em todos os casos, foram 36 os jogos na primeira fase. Em outros aspectos também não houve mudanças para melhor. Nesta Copa, diminuiu o número de seleções que não empataram nenhuma vez na primeira fase. Foram 16 em 90, e 11, agora. O único ponto positivo é que pela primeira vez desde que foi criada a repescagem, em 86, nenhuma equipe chega à segunda fase sem ter vencido algum jogo. Em relação à classificação, a regra dos três pontos também é ineficaz. Se ela não tivesse sido aplicada, os 12 classificados seriam os mesmos. Isso também valeu para a Copa da Itália. A única alteração aconteceria em 86. Com três pontos por vitória, teria entrado a Hungria e não o Uruguai –o adversário da Argentina nas oitavas-de-final. O fracasso da nova regra já era esperado. São três as possibilidades de um grupo ter classificações diferentes, se for aplicada uma ou outra regra. Se uma equipe tiver uma vitória, um empate e uma derrota, mas saldo de gols negativo, seria ultrapassada, na regra antiga, por uma rival com três empates. Na regra nova, a primeira ficaria na frente. O mesmo aconteceria no caso de uma vitória e duas derrotas contra dois empates, uma derrota e vantagem no saldo de gols e na situação de duas vitórias e uma derrota contra uma vitória, dois empates e melhor saldo. Essas situações são difíceis de acontecer. Se há um time muito forte ou muito fraco no grupo, essas combinações são impossíveis. De um modo geral, a regra nova só faz diferença em competições com muitos jogos. Texto Anterior: EUA, Bulgária e Irlanda são os "azarões" Próximo Texto: Alemanha joga contra Bélgica na segunda fase Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |