São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nove suplentes conseguem vagas no Senado

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado Federal tem hoje nove titulares que foram eleitos como suplentes. Eles chegaram ao cargo na carona de outros políticos, mas o seu voto tem o mesmo peso de senadores como Mário Covas (PSDB-SP), eleito com 6 milhões de votos.
Estes atuais senadores são grandes empresários que nunca tinham disputado mandatos, políticos em fim de carreira, derrotados em eleições recentes ou mesmo simples cabos eleitorais que deram sorte. O Senado tem, ao todo, 81 integrantes.
O fim do mandato será também o fim da carreira política para a maioria deles. Sem expressão política nos Estados que representam, tentarão, no máximo, uma vaga na Câmara dos Deputados.
Um exemplo clássico do político que chegou ao Senado por acaso é João França (PP-RR). Ele trabalhou por 12 anos como cabo eleitoral do ex-senador Hélio Campos (PMDB), até ser eleito suplente.
Ex-Juiz de Paz no Maranhão, nomeado por José Sarney, França foi para Roraima trabalhar como cabo eleitoral e empreiteiro de obras. "Diziam que era lugar bom para ganhar dinheiro", lembra.
França tentou uma vaga na Câmara de Vereadores de Boa Vista (RR) em 82, mas não foi eleito. Eleito suplente de senador em 90, assumiu em 30 de abril de 91, com a morte do titular.
Aureo Mello (PRN-AM) é o melhor exemplo do político em fim de carreira que consegue fazer do Senado uma aposentadoria. Ele foi deputado estadual e federal pelo Amazonas nas décadas de 40 e 50.
Entre 64 e 67, foi deputado federal pelo Rio de Janeiro. Acabou mudando para Brasília, onde trabalhou como procurador do Incra. Tentou por três vezes se eleger deputado federal pelo Amazonas, mas fracassou.
"Eu morava em Brasília e ia pouco a Manaus. Tentei três vezes, até chegar a conclusão de que morando em Brasília não poderia me eleger pelo Amazonas. Decidi, então, ser suplente de senador", conta.
Mello integrou a "tropa de choque" do ex-presidente Fernando Collor de Mello, ao lado do senador Ney Maranhão (PRN-PE), outro que foi eleito como suplente.
Os dois concorrem a deputado federal nas eleições de 3 de outubro, para formar "a bancada do Collor" na Câmara. "O Collor vai pedir voto para seus candidatos em cada Estado", assegura Maranhão.
O senador Amir Lando (PMDB-RO) é uma exceção entre os ex-suplentes. Conseguiu projeção como relator da CPI do PC, que apurou o envolvimento do ex-presidente Collor com o empresário Paulo Cesar Farias.
Lando é o único do grupo que disputa uma vaga ao Senado neste ano, com boas chances de ser eleito. Mas a sua eleição em 86 também foi diferente. Ele concorreu em sublegenda pelo PMDB.
Fez 47 mil votos, enquanto Olavo Pires, na outra sublegenda, fez 90 mil votos. Lando se tornou suplente de Pires. Com o assassinato do titular em 90, assumiu a vaga no Senado.
O líder do PDT, Magno Bacelar (MA), também foi eleito em sublegenda. Fez 400 mil votos, enquanto Edison Lobão (PFL) fez 500 mil pela outra sublegenda.
Neste ano, Bacelar tenta uma vaga para a Câmara. "No Maranhão, lutar contra Sarney é muito duro", justifica.

Texto Anterior: Amin pede explicações sobre emendas de Bisol
Próximo Texto: Aureo Mello usou cargo para editar 13 livros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.