São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Aureo Mello usou cargo para editar 13 livros

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Senado foi mais do que uma aposentadoria para Aureo Mello (PRN-AM). Foi no exercício do mandato que ele realizou o seu sonho de escritor. Editou 13 livros, alguns de autoria de amigos. Tudo por conta do Senado.
O contribuinte pagou a edição de livros como "A Presença do Estudante Inhuc Cambaxirra", "Posse na Academia de Letras de Brasília" e "O Hipopótamo e o Violino de Vidro", este já na terceira edição.
"Editei livros de amigos da Academia de Brasília na Gráfica do Senado. Levei um pau, mas valeu a pena", comenta. Os livros têm média de 200 páginas e 3 mil exemplares. Uma gráfica comercial cobraria US$ 140 mil pelo total de 20 edições.
O senador afirma que não tem objetivos comerciais com os livros que edita. "Eu uso estes livros para presentear as secretárias dos ministérios, para facilitar o meu acesso", diz.
Mello aprendeu rápido uma prática comum no Senado: o nepotismo. O seu gabinete é uma grande família. São funcionários a sua mulher, uma sobrinha e até o filho do ex-senador Fábio Lucena, antigo titular do mandato.
A linha de atuação política de Mello foi observada pela Folha em junho. Ele recebeu uma visita do diretor-superintendente da Confenem (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino), Professor Basílio.
O "lobista" chegou com quatro emendas à medida provisória 524, que trata da conversão das mensalidades em URV. "Trouxe uma emendinha para o senhor", disse Basílio. As emendas já estavam redigidas em papel timbrado do Senado. Mello leu e assinou as emendas rapidamente. "Se ficar como está, vai baixar o nível do ensino", justificou.
Em seguida, Mello deu uma ordem a um funcionário: "Manda CR$ 500 mil para a dona Teresinha Gonçalves, no Rio". Virou para o repórter e explicou: "Ela conseguiu o apoio de uma igreja evangélica para mim".

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