São Paulo, segunda-feira, 4 de julho de 1994
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Combater a Aids

Os últimos dados da Organização Mundial de Saúde sobre a Aids, publicados sexta-feira passada nesta Folha, confirmam a doença como um dos principais problemas de saúde pública do planeta neste final de século. Embora o crescimento de 60% do número de casos da síndrome no mundo detectado nos últimos 12 meses possa ser creditado em parte ao salto das notificações da moléstia em países da Ásia, os números da OMS corroboram as sombrias estimativas que projetam para o ano 2000 uma cifra mundial de 40 milhões de aidéticos.
No Brasil, é preciso que as autoridades e a população estejam atentas para a gravidade do problema. O país está entre os quatro mais atingidos pela doença, em números absolutos. Mesmo que, à primeira vista, outras enfermidades –algumas típicas do subdesenvolvimento e, em princípio, fáceis de combater– atinjam e matem maior número de brasileiros, a Aids tem duas especificidades que a tornam mais ameaçadora: ela cresce em progressão geométrica e é fatal em 100% dos casos. A possibilidade de uma cura a curto prazo é, lamentavelmente, remota.
A maneira mais efetiva de fazer frente à doença, como já se disse muitas vezes, é a prevenção, o que só é possível com o amplo esclarecimento da população sobre o assunto. Campanhas mais claras e incisivas que as implementadas até agora fazem-se necessárias. É preciso que o governo e a sociedade civil, em conjunto, superem o imobilismo, a hipocrisia e a timidez no trato do problema. Espera-se também que as organizações religiosas –em especial a Igreja Católica– superem entraves sectários à difusão do uso de preservativos como método de prevenção da doença e assumam sua responsabilidade na orientação de seus seguidores.
Só com uma política agressiva de informação a Aids deixará de ser um fantasma paralisante e um fator de discriminação de indivíduos para se tornar um problema que, embora grave e preocupante, pode e precisa ser controlado, o que demanda esforço da sociedade.

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