São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Governo investirá R$ 309,5 mi no Nordeste

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo excluiu do plano de emergência para combate à mortalidade infantil no Nordeste os investimentos em saneamento básico e vai executar apenas ações assistenciais.
O Ministério da Saúde vai aplicar R$ 309,5 milhões nestas ações. A proposta inicial para o plano exigiria gastos de R$ 1,2 bilhão, com a destinação de R$ 576 milhões apenas para saneamento.
Além do saneamento básico, o governo também deixará de investir na recuperação de postos de saúde e na ampliação do programa do leite. O crescimento do programa do leite atenderia a 6 milhões de crianças do Nordeste.
O presidente da FNS (Fundação Nacional de Saúde), Álvaro Machado, disse que 80% das internações de crianças são provocadas pela falta de saneamento.
O ministro Beni Veras (Planejamento) e o presidente do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar), d. Mauro Morelli, anunciam hoje, no rádio e na TV, as metas do plano.
A Folha teve acesso ontem à primeira versão do discurso de Beni Veras. Ele vai dizer que é "com constrangimento" que, em nome do presidente Itamar Franco, comunica à nação o aumento da mortalidade infantil no Nordeste.
O presidente da FNS disse que a execução do plano começa nesta semana. Ele espera a liberação imediata de crédito extraordinário pela área econômica.
O governo liberou R$ 160 milhões de crédito extraordinário do Orçamento para o combate à mortalidade infantil no Nordeste.
Os ministérios da Educação e do Bem-Estar Social vão receber R$ 26,5 milhões para merenda escolar e programas assistenciais.
O Ministério da Saúde, que recebe R$ 133,5 milhões de crédito extraordinário, realocou R$ 176 milhões do Orçamento para as ações emergenciais no Nordeste. Machado negou risco de uso eleitoral da verba.
A maior Organização Não-Governamental de Recife (PE), o Centro Luiz Freire, teme um eventual uso eleitoral do plano.
Segundo o sociólogo da entidade, Vando Nogueira, existe uma "grande preocupação" com o assunto. Nogueira, porém, diz que prefere o risco de ver erros no programa a constatar que o governo nada faz contra a miséria. "Não há como esperar o fim das eleições".
Colaborou a Agência Folha em Recife

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