São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Veja nota que não foi lida

Leia a íntegra do discurso do ministro do Planejamento, Beni Veras, que não chegou a ser lido:
"Senhoras e Senhores, Boa noite,
É com constrangimento que, em nome do presidente Itamar Franco, venho comunicar à nação o aumento da mortalidade infantil nas áreas mais pobres do Nordeste.
Essa triste constatação é resultado de recente pesquisa realizada naquela região por instituições da Igreja, e contraria a tendência nacional. Como se sabe, no resto do Brasil, tem aumentado consideravelmente a expectativa de vida e a sobrevivência dos recém-nascidos.
O governo tem a consciência de que só programas globais de desenvolvimento integrarão, definitivamente, o Nordeste na geografia econômica e social do país. Nas não pode, enquanto isso não ocorre, cruzar os braços diante dessa brutal injustiça, reveladora, por si mesma, da iniquidade que infelicita o nosso povo.
Por isso mesmo, o presidente da República determinou que os ministérios do Planejamento, Ação Social, da Educação e da Saúde adotassem medidas de emergência nas áreas afetadas, e recomendou que os demais ministérios, incluindo o Estado-Maior das Forças Armadas e o Conselho de Segurança Alimentar, a elas dessem a sua contribuição.
Foram destinados a esse programa de emergência, de imediato, R$ 160 milhões, já previstos para ações nas áreas da Ação Social, da Educação e da Saúde.
Com esse dinheiro, os ministérios envolvidos irão tomar as seguintes providências de urgência nas áreas afetadas:
– O Ministério da Ação Social manterá abertas nos fins-de-semana as creches subvencionadas pelo Poder Público com isso, as crianças poderão receber assistência e alimentação balanceada durante todo o tempo, não havendo o perigo de se desnutrirem no período que passariam em casa.
– O Ministério da Educação irá distribuir a merenda escolar durante as férias de julho e em todos os fins-de-semana, a fim de que as crianças possam ter, em casa, alimentação que normalmente recebem nas escolas.
– O Ministério da Saúde, ao qual cabe a maior parcela dos recursos especiais, destinará R$ 38 milhões à compra e distribuição de medicamentos e complementos nutritivos; R$ 28 milhões a programas comunitários de saúde; R$ 55 milhões à intensificação do combate e controle das endemias rurais; e R$ 10 milhões em imunizações e em ambulatórios volantes.
O governo vai ainda redirecionar recursos orçamentários do Ministério da Saúde, no valor de R$ 747 milhões, para a saúde preventiva do Nordeste, em programas de combate ao cólera e às endemias regionais, no incentivo ao aleitamento materno e na distribuição de medicamentos.
O presidente da República pediu-me que fizesse também um apelo ao espírito de solidariedade da população do Nordeste, a fim de que, todos os que possam contribuam para amenizar a situação dramática dos mais pobres. Se, em todo o país, há desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, no Nordeste, frequentemente assolado pela seca, essa distância entre uns e outros é ainda maior.
Ao mesmo tempo em que reconhecemos o agravamento da situação social no Nordeste, que pode ser em grande parte atribuído à recente seca que castigou a área, comunico, em nome do governo, as providências determinadas pelo presidente da República e que já estão sendo tomadas.
Boa noite."

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