São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Mania de vitamina

JOSÉ KNOPLICH

Nos países do Primeiro Mundo, há um crescente uso de polivitamínicos pela população, tendo havido um dispêndio de US$ 5 bilhões em 1987, correspondendo a um aumento de 15 vezes, de 1972 a 1987.
Esse consumo é realizado principalmente porque as pessoas comem apressadamente e de modo inadequado durante o dia, querem garantir que estão ingerindo a quantidade mínima necessária de micronutrientes (vitaminas e sais minerais).
O público leigo é informado pela mídia que várias doenças graves, tais como câncer, arteriosclerose, osteoporose, diabetes etc. são minimizadas pela ação das vitaminas antioxidantes. Linus Pauling, o único pesquisador a receber dois prêmios Nobel (química e medicina), defendeu durante anos a teoria de que a vitamina C tinha efeitos milagrosos em prevenir e curar várias doenças, por influir no sistema imunológico.
As vendas estão assim distribuídas: complexos multivitamínicos, 37%, vitamina C, 13%, cálcio, 12%, complexo B, 10%, e vitamina E, 9%.
Nos Estados Unidos, onde há um exagero consumista de produtos que garantem saúde eterna, registram-se gastos de US$ 30 por ano por pessoa com esse item, que incluem 59% das crianças até 5 anos, 37% dos adolescentes, 46% das mulheres, 34% dos homens adultos e 27% dos próprios médicos.
Nos Estados Unidos, há um exagero de ingestão de vitaminas pela população, chegando até 40 ou 50 vezes o mínimo recomendado por dia pelas autoridades. Mesmo assim, as pessoas estão longe da ação tóxica dessas vitaminas.
A Food and Drug Administration, órgão do governo dos EUA, não controla as vitaminas e essas não são consideradas como medicamentos e por isso são vendidas livremente em supermercados. Desde 1986, essa organização extremamente séria tem um sistema de vigilância para receber informações médicas de efeitos colaterais das dores tóxicas das vitaminas.
No Brasil, não há lei definida, que precisa ser regulamentada. É conhecida a deficiência alimentar do povo, que continuará a não ter dinheiro nem para comprar comida nem os polivitamínicos. Mas experiências feitas na China mostraram que é mais fácil distribuir polivitamínicos do que comida para melhorar o nível nutricional da população. Voltaremos ao assunto.

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