São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Advogado nega denúncia e ameaça ir à Justiça

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os proprietários do Centro Social São Marco se recusaram a dar entrevistas. As denúncias contra o manicômio foram respondidas pelo advogado da instituição, Carlos Alberto da Silva Paranhos.
O advogado nega todas as denúncias e diz que vai processar os acusadores.
Ao responder às denúncias, Paranhos tenta desacreditar as testemunhas do processo. "O ex-paciente que diz que enterrou alguém é um doente mental. Inventou tudo. As enfermeiras estão se vingando porque foram demitidas por incompetência", diz.
O promotor Eder Segura concorda, em parte, com o advogado. "A palavra do ex-paciente tem valor relativo, uma vez que ele tem problemas mentais."
Segura afirma que as enfermeiras "apenas ouviram falar dos supostos crimes, não presenciaram nada". Para o promotor, o caso ainda apresenta "precariedade no conjunto de provas".
Segundo o advogado, o portuário João Gomes, desaparecido em dezembro de 92, "fugiu de um hospital para onde ele foi levado por ter problemas de hemorragia no estômago".
Quanto ao paciente Joaquim dos Santos, que teve um braço amputado, Paranhos afirma que ele teve um problema de "coágulo sanguíneo" causado pelo tabagismo.
A família de Santos nega a versão afirmando que ele nunca teve problemas no braço.
Segundo o depoimento das enfermeiras, Santos teve o braço machucado em uma briga. Ele teria recebido uma injeção aplicada sem critério por um "crachá" e passado a noite amarrado a uma cama.
Sobre o paciente José Wilson Pereira Diniz, que desapareceu do São Marcos e foi encontrado seis meses depois em um hospital de São Paulo com traumatismo craniano, Paranhos afirma que ele "também fugiu".
O advogado diz que o hospital "quer ver tudo esclarecido" e que solicitou as escavações quando foi informado da denúncia.

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