São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994 |
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Doença da fome extrema pode voltar ao Nordeste
AURELIANO BIANCARELLI
No mundo, só houve casos entre refugiados de guerra e em regiões paupérrimas da Índia. Só em 93, porém, 86 doentes foram confirmados entre 125 moradores de Bezerros, no agreste pernambucano. A cidade fica a 105 km de Recife e a pesquisa, iniciada em agosto por professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFP), foi interrompida dois meses depois. Medicamentos e a distribuição de cestas básicas teriam feito a doença retroceder no início do ano. Moradores da região dizem que agora ela voltou com mais força. "A fome aumentou", diz Geraldo Peixoto, coordenador da Associação dos Filhos e Moradores de Bezerros (Afab). O secretário estadual da Saúde de Pernambuco, Danilo Campos, disse que "não há, no momento, notificação de pelagra no Estado". Peixoto diz que a Afab e a campanha contra a fome continuaram fornecendo alimentos, mas que a ajuda cessou com as chuvas. Segundo ele, as colheitas só virão em um ou dois meses. "Até lá, muitos novos casos surgirão." Peixoto disse que já foram registrados casos em Riacho das Almas, cidade vizinha a Bezerros. Sônia de Andrade, professora da UFP, diz que, quando as vítimas –na maioria mulheres e crianças– se alimentam, as doenças de pele e a diarréia desaparecem, mas a demência pode continuar. A pelagra é causada por deficiência da niacina, uma vitamina do complexo B. Segundo Sônia, a causa é alimentação pobre. Texto Anterior: Surto substitui gripe 'URV' Próximo Texto: Oficinas prolongam vida dos tênis Índice |
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