São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Técnico aposta na eficiência da Holanda

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A ORLANDO

A vitória sobre a Irlanda (2 a 0) aumentou a confiança do técnico da Holanda, Dick Advocaat.
Animado com o que considerou a melhor apresentação do time desde as eliminatórias, o treinador já visualiza derrotar o Brasil, no sábado, em Dallas.
"Principalmente no primeiro tempo contra os irlandeses, a Holanda demonstrou estar preparada para disputar a final da Copa."
A euforia tem uma sensação de vingança. Sem poder convocar Marco Van Basten, que se recupera de uma contusão, Advocaat viu diminuir o número de estrelas do time ao perder Ruud Gullit.
O atacante, que disputou três jogos das eliminatórias, pediu dispensa da seleção um mês antes da Copa, por discordar com os métodos do treinador, que estaria montando uma tática perigosa, com apenas três defensores e um meio-campo muito reforçado.
As críticas continuaram na imprensa, a ponto de Advocaat montar o time como pediam os jornalistas, em um treino domingo passado, para provar que estava certo.
O time titular, escalado com quatro defensores, como querem os críticos, perdeu por 10 a 1 para os reservas.
"Estou agora satisfeito", disse Advocaat, depois de derrotar a Irlanda. "Para mim, foi um ajuste de contas com o passado. O time mostrou que pode ir além, mesmo sem Gullit e Van Basten."
Tal evolução, segundo o técnico holandês, se traduz em conceitos básicos, como concentração ideal, boa colocação, dribles, passes rápidos e chutes com boa pontaria.
Advocaat exibe números para comprovar sua tese –nos quatro jogos disputados na Copa, a Holanda deu um total de 61 chutes a gol, dos quais 21 na direção certa (45,9%). Desses 21, conseguiu marcar seis gols (29,9%).
"As jogadas têm sido mais bem trabalhadas, principalmente na preparação do ataque", disse Advocaat, lembrando que o atacante Dennis Bergkamp acertou os quatro cruzamentos que fez para a área, no jogo contra a Irlanda.
O progresso holandês, porém, ainda mantém um certo temor pela seleção brasileira. A vitória sobre os Estados Unidos, por exemplo, impressionou o técnico.
"O resultado final (1 a 0) não demonstra o que realmente foi o jogo. Mesmo sem Leonardo, os brasileiros souberam aproveitar bem os espaços, principalmente pelas laterais."
As referências brasileiras se resumem, para o time da Holanda, em dois atacantes, Bebeto e Romário.
"Eles são muito bons, talentosos, e sabem decidir uma partida com facilidade", disse o atacante Bergkamp.
"O estilo de jogo do Brasil é semelhante ao da Holanda", disse o atacante Bryan Roy, "que é baseado em toques rápidos na bola. Isso facilita o trabalho das defesas".
O temor continua também entre os jornalistas holandeses. "O time mostrou, durante 40 minutos contra a Irlanda, a exibição necessária para ser campeã", disse Lex Muller, do "Algemeen Dagblad".
"Mas, contra o Brasil, 40 minutos não são o suficiente para vencer."

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