São Paulo, quarta-feira, 6 de julho de 1994
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Johnny Cash volta com country moderno

CARLOS CALADO
ENVIADO ESPECIAL A MONTREUX

Ele só não se tornou ainda um mito, porque continua bem vivo e trabalhando. Com mais de 50 milhões de discos vendidos em quase 40 anos de carreira, o cantor norte-americano Johnny Cash, 62, quebrou seu costumeiro isolamento e falou ontem a um pequeno grupo de jornalistas, antes de seu show no Montreux Jazz Festival.
Vestido de preto (para não desmerecer a antiga alcunha de "Man in Black"), Cash chegou acompanhado por sua mulher, a também cantora country June Carter. O rosto inchado e avermelhado carrega as marcas dos anos que passou viciado em barbitúricos, durante a década de 60, que também lhe renderam algumas brigas e noites passadas na cadeia.
Porém, o Johnny Cash de hoje parece muito calmo e animado com o recente lançamento de seu novo álbum, "American Recordings" –gravado e produzido por Rick Rubin, que também assina trabalhos recentes de Mick Jagger e Red Hot Chili Peppers.
"Esse é o disco que eu sempre quis fazer. Queria poder cantar confortavelmente, apenas com o meu violão", disse Cash, com seu vozeirão grave, apontando a frustração que sentiu durante várias gravações excessivamente produzidas que fez durante sua carreira.
"Começamos a trabalhar com cerca de cem canções e acabamos gravando umas 70 na própria sala da minha casa", lembra o cantor.
Desse material, 13 acabaram escolhidas: além de composições próprias, também aparecem canções de Tom Waits ("Down There By Train"), Kris Kristofferson ("Why Me Lord") e um clássico de Leonard Cohen ("Bird on a Wire").
Ex-parceiro de pop stars como Bob Dylan, Elvis Presley e Carl Perkins, Cash inclui o vocalista da banda U2 (que contou com sua participação no álbum "Zooropa") em seu panteão de amigos. "Bono é o sujeito mais parecido com Elvis com quem eu já trabalhei. É um grande amigo, que me ajudou muito a ser conhecido hoje entre a garotada teen."
Generoso, o veterano cantor e compositor sugeriu uma espécie de receita pessoal à nova geração. "Fico feliz em ver muito garotos voltando a um jeito básico de fazer música. O acústico é o alicerce da construção musical. Outra coisa importante é nunca se deixar enrolar pelos produtores. O segredo está na simplicidade, na verdade de cada um."

O jornalista CARLOS CALADO viaja a convite da Polygram e da Warner

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