São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Aplicações financeiras vão mudar

GUSTAVO PATÚ; MÔNICA IZAGUIRRE E CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As aplicações financeiras mudam em agosto. O governo editará uma série de medidas para tornar menos rentáveis as aplicações de curto prazo e estimular investidores a deixar o dinheiro aplicado por mais tempo.
"As aplicações de liquidez diária serão penalizadas", disse ontem o diretor de Política Monetária do Banco Central, Alkimar Moura. Entre essas aplicações estão os fundões e os fundos de renda fixa.
Moura explicou que um dos principais instrumentos para o alongamento das aplicações será a tributação. Os impostos deverão aumentar nas aplicações de curto prazo e diminuir nas de longo prazo.
Segundo Moura, a intenção do BC é fazer com que as pessoas separem o dinheiro para gastos imediatos dos recursos a serem efetivamente poupados.
O governo pretende induzir os investidores a deixar seu dinheiro aplicado por prazos mais longos, como é o normal em economias de inflação baixa.
Moura deu as informações no "Painel Institucional sobre o Real", em Brasília, do qual participaram os principais membros da equipe econômica do governo.
As medidas para o alongamento das aplicações serão analisadas pelo BÁ e pela Receita Federal durante o mês de julho.
Segundo o diretor, a carga global de impostos deve cair. "Nós sabemos que a tributação sobre operações financeiras acaba elevando o nível dos juros".
Ele ressalvou, porém, que o alongamento desejado pelo governo será voluntário –ninguém será obrigado a deixar seu dinheiro nas aplicações por um prazo determinado.
As regras de agosto valerão somente para as aplicações feitas depois das mudanças.
Juros
Moura admitiu que a taxa de juros de 12% ao mês é alta e informou que não ficará assim até o fim de julho. Ela deve começar a cair tão logo o BC tenha informação melhor sobre o índice de inflação do mês.
A taxa foi fixada em 12% basicamente por causa da incerteza quanto à inflação. Os índices de preço poderão variar de 0 a 35%.
Métodos de cálculo levarão os institutos a captarem uma salada de inflação em cruzeiros, URV e reais. E isso torna difícil saber qual é a taxa real de juros, descontando-se a inflação.
Por exemplo: se a inflação for de 15%, a taxa de 12% é negativa. Dá prejuízo à aplicação financeira. Já se a inflação ficar em 4%, segundo Moura, a taxa é muito alta.

Colaborou CARLOS ALBERTO SARDENBERG

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