São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994 |
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Ricupero admite tabelamento de preços
REGINA ALVAREZ; SÔNIA MOSSRI; RAQUEL ULHOA
"Não queremos congelamento ou tabelamento", afirmou o ministro, ressalvando que "toda a regra tem exceção". Ricupero deixou claro que o governo não vai tolerar abusos no caso de alguns produtos básicos como, por exemplo, o pão francês de 50 gramas. Ele prometeu para hoje o anúncio de medidas drásticas –o tabelamento de preços, no caso– para o produto, caso a indústria não volte atrás e reduza o preço arredondado para R$ 0,10. Durante audiência pública ontem na Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda reconheceu que o governo não dispõe de estrutura para fiscalizar preços, citando o exemplo do Estado do Pará, onde a Sunab dispõe de apenas sete fiscais. O ministro defendeu os juros altos numa primeira fase do plano, advertindo que se as taxas caissem nesse momento os preços disparariam, haveria a formação de estoques especulativos e o perigo do abandono maciço das aplicações financeiras. Ricupero disse que o governo aceitará mudanças nas regras dos aluguéis, prestação da casa própria e mensalidades escolares, feitas pelo Congresso, desde que sejam para melhorar as regras em vigor. O ministro foi questionado por vários parlamentares sobre o valor do salário mínimo. Disse que considera os R$ 64,79 insuficientes, mas qualquer reajuste causaria déficit à Previdência e inviabilizaria as prefeituras de pequeno porte. "Esse declínio do preço do dólar é algo temporário. Uma valorização do real implica em situação muito ruim para os exportadores e para a geração de empregos. Na terça-feira, o Banco Central não comprou nem vendeu. O real foi valorizado pelo mercado", disse Ricupero. O ministro disse que o governo pode adotar medidas para não prejudicar os exportadores. A discussão do Plano Real com o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, não conseguiu atrair os parlamentares. A maior parte preferiu cuidar da campanha eleitoral nos seus Estados a debater o programa econômico. A solução encontrada pela Presidência da Câmara foi atrair funcionários da casa para que o plenário não ficasse vazio. "Sabe como eles encheram o plenário? Todo mundo que passava na porta era laçado", comentou o líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA). Texto Anterior: "Não têm por que chiar" Próximo Texto: BC quer alongar prazos Índice |
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