São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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"Não têm por que chiar"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Os empresários não têm por que chiar contra os juros. Eles subiram antes os preços. Agora, os preços têm de cair. Eles têm que vender, ganhar rentabilidade no giro do estoque", diz Tereza Fernandes, da consultoria Mendonça de Barros & Associados.
"Reduzam os preços que o Banco Central (BC) derruba os juros", completa João César Tourinho, do banco Europeu.
Tereza diz que a taxa de juros praticada pelo BC está "dentro do esperado. É a taxa máxima. Ele abriu alto para ir recuando ao longo do mês, já que eram esperadas pressões, inclusive políticas, pela queda".
O juro alto no início do Plano Real tem duas funções: 1) manter os recursos no mercado financeiro, impedindo a migração para o consumo; 2) impedir a especulação com estoques.
Tereza diz que os juros conseguiram cumprir este objetivo. "Ninguém está comprando nada. Em parte, isto é efeito dos juros e, em parte, dos próprios preços."
Ela prevê que a trajetória de queda das taxas já terá início na próxima segunda-feira.
Estimando uma inflação média para julho ao redor de 5%, o juro real (acima da inflação) projetado ficará em torno de 2,75% ao mês ou o equivalente a 38,5% ao ano.
"Na verdade, o BC não subiu o juro real. Manteve a política dos últimos quatro meses", afirma.
Tourinho acredita, porém, que houve uma clara mudança de política. Antes, o objetivo era conseguir um determinado nível de juro real; agora, "é fixar uma taxa nominal de juros que consiga controlar a emissão de reais". O tamanho do juro real passou a ser resultado, não objetivo.(JCO)

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