São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Produto básico custa menos no Brasil

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Produtos básicos e de uso habitual, como leite em pó, sabonete, refrigerante e cerveja, custam menos no Brasil do que no exterior.
O real tornou possível memorizar a diferença de preços e tornou a comparação automática, na base do US$ 1 igual a R$ 1.
Já para carros, produtos da área de eletroeletrônica e informática (bem duráveis), têm-se preços inferiores e qualidade melhor no exterior. Os salários, para esses produtos, pesam menos na composição do preço final.
A Folha percorreu lojas do Carrefour, Extra, Barateiro, Mappin, farmácias Drogasil e lojas do Mc'Donalds de São Paulo para se chegar à média de preços no Brasil, para produtos e marcas encontrados em todo o mundo.
É o caso dos chocolates e do leite em pó da Nestlé, maionese Helmman's, Coca-Cola, cerveja Budweiser, aparelho de barbear descartável Gillete, sabonete e detergente líquido da Gessy Lever, calça Lee tradicional e o Big-Mac.
Foram ainda levantados preços de ingresso de cinemas nos shoppings e do filé mignon em açougues dos Jardins (São Paulo).
Comparados com os mesmos produtos que tiveram preços pesquisados no varejo de Nova York (EUA), Londres (Inglaterra) e Paris (França), foi constatado que no Brasil a maior parte desses produtos custa menos.
O único produto que tem, aqui, preço acima dos praticados nos três países, dentro da lista pesquisada, é a calça Lee tradicional. O Brasil ganha em preços baixos para o detergente líquido, filé mignon e ingresso para cinema.
A vantagem comparativa desses preços no Brasil poderia ser comemorada, se não fosse levado em conta o peso dos salários no custo final dos produtos.
Segundo Juarez Rizieri, coordenador do IPC da Fipe, itens como energia elétrica e mão-de-obra têm peso elevado na composição do custo dos produtos básicos e de uso contínuo.
Essa diferença poderia explicar porque o Brasil tem preços mais baixos. José Maurício Soares, do Dieese, lembra que aqui os salários são dez vezes inferiores aos dos países do Primeiro Mundo.
Para Soares, se comparar massa salarial/poder aquisitivo no Brasil e no exterior, os preços aqui são desproporcionalmente maiores.
Dentro dessa visão, os chamados oligopólios cobram menos no Brasil, mas lucram mais aqui do que no exterior.
Ronald Rodrigues, diretor de assuntos institucionais da Gessy Lever, acha que os fabricantes das marcas mundiais trouxeram benefícios trabalhistas antes inexistentes no país e avalia que aqui os preços são menores porque o mercado é bastante competitivo.
Marcas
A estabilidade de preços no real trouxe de volta o hábito, por parte do consumidor, de pesquisar.
Com isso, a diferença de valores das marcas líderes com as dos concorrentes ficou mais visível.
O novo comportamento do consumidor leva a uma mudança na distribuição da verba publicitária dos grandes anunciantes, de modo a centrar o foco nos produtos que são líderes nos seus segmentos.
No último sábado, no Carrefour da Vila Maria (SP), a dona-de-casa Maria Lourdes Ferreira pensou duas vezes antes de colocar no carrinho o sabão em pó Omo: "Eles tiraram a promoção e o preço ficou quase o dobro do Biju", afirmou.
A W/Brasil, dona da conta da Bombril, colocou no ar campanha publicitária para reforçar a marca Limpol. E a FCB conquistou mais nove contas em 1994 de clientes dispostos a reforçar a visibilidade das marcas de seus produtos.
Colaboraram os correspondentes em Nova York, Londres e Paris.

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