São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Para Rummenigge, Mundial dos EUA é mais competitivo

O ex-jogador alemão critica Brasil mas elogia Romário

DO ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Craque do Bayern de Munique e da Internazionale de Milão, astro da seleção da Alemanha em três copas (Argentina/78, Espanha/82 e México/86), Karl-Heinz Rumennigge, apelidado Kalle, está nos EUA como comentarista de uma rede de TV da Alemanha.
Impressiona a sua forma aos quase 39 anos. Esbelto, elegante, simpático, o perfume muito seco do Drakkar Noir se espalhando ao seu redor, Rummenigge não hesitou em interromper a sua coleta de dados num computador do centro de imprensa de Foxboro, na tarde de terça, para conceder, em italiano fluente, uma entrevista exclusiva a este enviado.

Folha - A Copa definiu os seus melhores. Alguma injustiça?
Rummenigge - Lamento a saída da Argentina, que se ressentiu da exclusão de Maradona. E lamento a saída da Colômbia, de futebol muito bonito antes do torneio, mas incapaz de repeti-lo quando de fato precisava.
Folha - Compare esta Copa com aquelas de que participou.
Rummenigge - A pior foi a da Argentina, com partidas polêmicas e arbitragens complicadas. A melhor foi a do México - onde eu me machuquei. Melhor ainda foi a da Itália, que eu não disputei. Afinal, a Alemanha ganhou a taça. Esta, porém, me parece mais competitiva. Cresceram bastante as seleções da África e da Ásia, e isso é excelente para o futebol em geral.
Folha - Como você analisa a sua Alemanha?
Rummenigge - Entrou mal na competição. Todavia, Berti (Vogts, o treinador da equipe) fez os acertos necessários. Creio que chegará à final.
Folha - Mesmo com um elenco de tantos veteranos, acima dos 30 anos?
Rummenigge - Na Copa a idade não conta. Vale mais a experiência. E isso não falta à Alemanha. Sei que a nossa seleção está se cansando, relaxando e nos pregando sustos nos segundos tempos. Mesmo assim, continuamos ganhando.
Folha - E a Itália?
Rummenigge - Bem, a Itália sempre começa claudicante. Tem, contudo, um excelente treinador (Arrigo Sacchi), talvez o maior teórico do futebol. Imagino uma grande semifinal entre Itália e Alemanha.
Folha - E o Brasil?
Rummenigge - Eu só vi o Brasil pela televisão. Mas não gostei do seu estilo de jogar, preso demais no meio-campo, com um excesso de passes laterais. O Brasil, porém, tem Romário, que pode decidir uma partida sozinho.
Folha - Um palpite para Brasil e Holanda?
Rummenigge - (Rindo)Um jogo dificílimo. Só garanto o 0 X 0 inicial...
Folha - Juergen Klinsmann, cinco gols em quatro cotejos, seria um digno sucessor de Rummenigge na Alemanha?
Rummenigge - Nunca fiz cinco gols em quatro partidas pela seleção (entre a etapa das eliminatórias e a fase definitiva de três mundiais, ele anotou 22 tentos em 33 combates). Lamento por mim. Mas me orgulho por Juergen, um caro companheiro. (SL)

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