São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Invenção é palavra de ordem para produtor

ARIEL PALACIOS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A trajetória de Corman permite sentir que qualquer um poderia realizar filmes. Ele já fazia filmes de aventuras interplanetárias quando George Lucas ainda estava no segundo grau. O "The New York Times" uma vez publicou: "O que é Tubarão senão um filme de Roger Corman com um amplo orçamento?"
Quando era uma criança pediu a seus pais de presente as obras completas de Edgar Allan Poe, de quem adaptaria várias histórias em uma série de sucesso nos anos 60.
No fim da Segunda Guerra Mundial estudou em Oxford, fez contrabando de câmeras da Alemanha a Paris e abandonou a Europa depois de receber uma oferta para cotrabandear ouro de Teerã a Paris. Pensou que seria melhor voltar aos EUA.
Ali, começou a trabalhar em um estúdio como mensageiro, logo como revisor de roteiros, depois como roteirista, até que decidiu juntar um par de amigos, gastou tudo o que tinha, alugou câmeras e rodou seu primeiro filme. Recuperou todo o investimento, obteve um lucro suficiente para rodar um segundo filme. E não parou mais.
As criaturas Corman mudaram muito desde os monstros de papel e plástico que por pouco não mostram o zíper do disfarce ao dinossauro dirigido por controle remoto de "Carnossauro".
Explica assim seu interesse pelo terror: "o monstro que não se pode fotografar é o monstro da mente, provavelmente a recriação dos monstros da infância. Um dos aspectos da vida adulta é que falamos de monstros que não existem. Mas em alguma parte escondida do inconsciente, há algo que diz 'sim, eles existem'. Brincar com a figura dos monstros, como em meus filmes, creio que é psicologicamente terapêutico."
Com o orçamento de "Parque dos Dinossauros" afirma que poderia ter feito uns cem filmes. Meses antes de a obra de Spielberg ser projetada nas telas, Corman produzia, seu discípulo Adam Simon dirigia e lançavam "Carnossauro", a história de uma cientista maluca que contamina ovos de galinha com DNA de dinossauros.
Para Corman, "Spielberg e Michael Crichton são honoráveis cavalheiros e não creio que tenha havido plágio algum". Enquanto isso, prepara "Carnossaur Part 2".
Durante uma década, com a distribuidora New World Pictures, Corman se encarregou de levar os filmes de Bergman, Kurosawa e Fellini aos Estados Unidos.
Hoje dirige a produtora Concorde, onde realiza filmes de aventuras, de terror, eróticos, ficção-científica e "ultimamente, até filmes familiares."
(Ariel Palácios)

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