São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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OLP e Israel decidem futuro da paz

ANDRÉ LAHOZ
DE PARIS

O líder da OLP, Iasser Arafat, e o primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, se reuniram ontem em Paris. É o primeiro encontro dos líderes desde a histórica assinatura, em setembro passado nos EUA, do acordo que deu a autonomia palestina nas regiões de Gaza e Jericó, em setembro passado nos Estados Unidos.
Na França eles receberam, juntamente com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, prêmio da Unesco pelo processo de paz.
A cerimônia durou mais de duas horas. O ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger presidia o júri que decidiu dividir o prêmio Houphouet-Boigny.
Antes da cerimônia, os três se encontraram para discutir os próximos passos no processo de paz. O encontro foi qualificado de "positivo" por Arafat.
Eles voltaram a se reunir durante a madrugada. O principal ponto foi a retirada do exército israelense de regiões autônomas para as eleições que devem ocorrer em breve.
Antes do segundo encontro, Arafat e Rabin foram recebidos, separadamente, pelo presidente francês, François Mitterrand.
O primeiro-ministro francês, Edouard Balladur, esteve ontem com Rabin e se encontra hoje com o líder palestino.
'Falamos francamente, avançamos em muitas detalhes que tinham que ser discutidos, e avançaremos ainda mais essa noite. O importante é que temos boa vontade para superar eventuais problemas. Agora somos primos, companheiros e amigos", disse Arafat.
Segundo Rabin, "são nossos novos parceiros. Há pessoas em Israel que não querem que conversemos com Arafat, mas essas pessoas têm que encarar essa nova realidade. Tenho muita confiança no processo de paz".
O líder da OLP minimizou os enormes obstáculos que a "paz dos bravos" ainda tem pela frente. "Falam muito do Hamas (grupo extremista palestino, contrário ao processo de paz), mas eu pergunto: que país não tem oposição? A França não tem oposição?"
Outros problemas, como os colonos israelenses que habitam nas regiões autônomas ou as futuras eleições em Gaza e Jericó, não foram comentados por Arafat. "Deixemos o fim para o fim."
Mas Arafat enviou um recado clara às nações desenvolvidas. "A comunidade internacional tem que assumir suas responsabilidades. É preciso reconstruir o nosso país, senão a paz dos bravos não sobreviverá", disse.

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