São Paulo, quinta-feira, 7 de julho de 1994
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Capital alemã vive reconstrução frenética

JONATHAN GLANCEY
DO "THE IDEPENDENT ON SUNDAY"

Nenhuma outra capital hoje muda tão depressa quanto Berlim. A transformação é veloz a ponto de desatualizar, em uma semana, qualquer lista de novos restaurantes, cafés, clubes e bares.
Seu estilo arquitetônico não é menos mutante. Nos anos 40, os bombardeios aéreos destruíram 92% de Berlim; desde então, em ritmo frenético, os arquitetos a reconstroem.
Até quatro anos atrás, quando Berlim Ocidental e Berlim Oriental foram reunificadas, a reconstrução seguia em direções diversas.
Na Berlim Oriental, sempre que possível, reconstruíram-se os magníficos prédios antigos.
Na Berlim Ocidental, a maior parte das construções danificadas por bombardeios foi eliminada e substituída por projetos modernos.
O exemplo mais extremo da nova geração de projetos é o museu Judaico, em estágio de construção.
Em 1996, quando o museu for inaugurado, Berlim terá na Lidenstrasse um prédio em forma de raio seguramente destinado a provocar.
Mas a idéia de que Berlim é uma vitrine de arquitetura extremista e radical não é nova. Desde o período após as guerras napoleônicas, essa é uma cidade de planos e construções colossais.
O Altes Museum (1818-1832) e outros monumentos projetados por Karl Friedrich Schinkel (1780-1841) foram necessariamente chocantes em seu tempo.
Quem passeia pelos subúrbios da cidade descobre blocos de apartamentos que parecem datar dos anos 60. Mas eles são trinta anos mais velhos do que aparentam.
O último mestre do movimento moderno a deixar Berlim por causa de Hitler, em 1937, foi Ludwig Mies van der Rohe (1887-1969).
Foi para Chicago, foi bem-sucedido e retornou a Berlim para projetar um dos prédios mais radicais do movimento moderno na cidade.
Este prédio é a Neue Nationalgalerie (1965-8), uma sisuda interpretação em ferro e aço da arquitetura do herói de Mies, Schinkel.
Eis aqui um prédio que, celebrado com obra-prima moderna, parece francamente inadequado para funcionar como galeria de arte.
Ao se afastar do gélido templo de arte, percebe-se que Berlim é cheia de dramáticos "foras-de-série" do movimento moderno.
Uma caminhada pela bela Unter den Linden leva à Alexanderplatz e à Neus Wache de Schinkel.
Essa antiga casa da guarda real, hoje um controvertido monumento aos mortos nas duas guerras mundiais, foi construída em 1816.
A Alexanderplatz, exemplo extremo da planificação no final da década de 50, será remodelada. Ela conta uma história paralela do movimento arquitetônico moderno tardio. O estilo é o dos arquitetos soviéticos da era Kruschev.
A Alexanderplatz é dominada por uma torre de televisão de 366 metros (1965-9). A cerca de dois terços do topo, uma estrutura em forma de cebola oferece vista panorâmica de toda a cidade.
Na Friedrichstrasse e no que foram a Potsdamer Platz e a Leipziger Platz, prédios comerciais de estilo radical, projetados por uma galáxia de estrelas da arquitetura, estão prontos para decolar.
Essa remodelação em escala maciça e heróica adequa-se à tradição de Schinkel, Speer e da Alexanderplatz.
Não há uma receita única para conhecer Berlim. A cidade é complexa, do tamanho de Londres, e é preciso fazer escolhas.
A complexidade e a diversidade da cidade também significam que, ao contrário do que acontece com cidades pequenas como Helsinque, é impossível recomendar hotéis, restaurantes, bares e cafés típicos.
A escolha é infinita (os guias "Time Out" e "Berlim: The Rough Guide" podem ajudar você a se orientar no labirinto).
Hospedagem em residências particulares pode ser obtida através do escritório de turismo Verkehrsamt (Centro Europeu, Badapesterstrasse, tel. 262-6031).

Tradução de Lúcia Boldrini.

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